O juiz Elci Simões apareceu de surpresa, nesta quinta-feira (10), para compor o colegiado do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que julgava a inelegibilidade de Adail Filho, prefeito reeleito pela terceira vez consecutiva no município de Coari, o mais importante do interior amazonense. Sua presença no julgamento não era esperada, segundo advogados que acompanhavam a sessão de julgamento.
Sem demora, no TRE-AM, Simões beneficiou Adail Filho apresentando um pedido de vista. O acusado é filho do ex-prefeito Adail Pinheiro, preso em 2013 por envolvimento em escândalo de corrupção e pedofilia.
O juiz Simões foi punido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sob a acusação de desempatar um julgamento em favor de Adail Pinheiro,, pai do atual prefeito, acusado de atos de corrupção eleitoral.
Segundo relato do site da Ajufe, a Associação dos Juízes Federais do Brasil, em troca de benesses e credenciais para o desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, em 2008, o juiz Elci Simões teria decidido favoravelmente ao prefeito o julgamento que estava empatado em dois votos a dois.
Ele recebeu pena de censura do CNJ. O então prefeito Adail Pinheiro e seu vice Rodrigo Alves, em ação do Ministério Público Federal por compra de votos e abuso do poder econômico nas eleições de 2006.
Na mesma época, o CNJ investigou outros magistrados amazonenses por envolvimento com o então prefeito Adail Pinheiro.
O CNJ decidiu aposentar três juízes e aprovou censura contra outros dois, incluindo Elci Simões, mas houve conselheiros do CNJ que defenderam sua aposentadoria compulsória, punição máxima prevista na legislação.
