Rumo ao PSL ou DEM

PSDB vai perder prefeito de Maceió, se não tiver candidatura própria e apoiar o PSB

Senador Rodrigo Cunha não garante candidatura tucana e desagrada prefeito Rui Palmeira

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Senador Rodrigo Cunha e o prefeito de Maceió Rui Palmeira. Foto: Divulgação Facebook

A falta de interesse do presidente do PSDB em Alagoas, senador Rodrigo Cunha, em definir se haverá candidatura própria tucana para a sucessão municipal da capital alagoana deve resultar na desfiliação do prefeito Rui Palmeira. O chefe do Executivo de Maceió (AL) se vê forçado a deixar o PSDB, formalizar, há 18 dias, a cobrança para que a direção nacional do partido mande cumprir uma resolução que prevê candidaturas tucanas nos municípios com mais de 100 mil habitantes, nas eleições de 2020.

Enquanto Rodrigo Cunha prioriza, nesta segunda-feira (17), a campanha de filiação do partido, o senador e líder estadual do PSDB segue desagradando o prefeito, por manter a perspectiva de apoio tucano à candidatura do deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB-AL), que rivaliza com Rui Palmeira.

“Estamos iniciando [nesta segunda-feira] uma ampla campanha de filiação em todo o estado. O momento para decisão do apoio do partido a algum candidato ou o lançamento de candidato próprio será mais adiante. Agora, o foco é na campanha de filiação partidária”, disse Rodrigo Cunha, ao ser questionado sobre o PSDB em Maceió.

A postura do senador deixa o prefeito tucano já reeleito mais propenso a aceitar os convites do DEM e do PSL, dando fim à sua trajetória histórica no PSDB. Desde que deixou o PR em 2010, Rui Palmeira se elegeu deputado federal após denunciar ilegalidades combatidas pela Operação Taturana na Assembleia Legislativa de Alagoas; e se tornou prefeito de Maceió, em 2012.

Em 2018, após Rui Palmeira desistir de disputar o governo de Alagoas contra a reeleição de Renan Filho (MDB), o senador Rodrigo Cunha firmou aliança com o deputado JHC e colocou sua mãe, Eudócia Caldas, como suplente em sua chapa tucana ao Senado. O racha levou o PSDB de Alagoas a apoiar o senador Fernando Collor (Pros-AL) para o governo estadual, com apoio acanhado de Rui. Antes de desistir da disputa no meio da campanha, o ex-presidente da República teve como vice na chapa o presidente da Câmara de Maceió, Kelmann Vieira (PSDB).

Deputado federal JHC (PSB-AL) e o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) em campanha em 2018. Foto: Divulgação

Abraçado ao inimigo

O motivo da insatisfação de Rui Palmeira vai além do fato de o pré-candidato do PSB aliado de Rodrigo Cunha ser inimigo político declarado do prefeito, após transcender de aliado a rival, em 2016, quando perdeu a disputa contra a reeleição do tucano. Mas também tem relação com o legado que o prefeito do PSDB quer apresentar ao eleitor em 2020, quando finalmente conseguiu recursos de empréstimos e imprime um ritmo de obras e entrega de ações em volume considerável, neste ano eleitoral.

Em 30 de janeiro, a direção Nacional PSDB foi informada por Rui Palmeira que, em 17 de dezembro de 2019, se reuniu com Rodrigo Cunha, para discutir rumores de aliança com seu rival JHC. Rui pediu a garantia da execução da Resolução CEN-PSDB n° 010/2019, “no prazo mais exíguo possível”, porque o senador ficou de dar a resposta até 31 de janeiro, diante da argumentação de que os bons índices de aprovação da administração legitimariam o caminho natural para o prefeito poder trabalhar para eleger seu sucessor dentro do seu partido.

Decisão em março

Esta segunda-feira (17) amanheceu com rumores de que Rui anuncia o ingresso no DEM na quarta-feira (19), após viagem a Brasília. Mas, ao autorizar obras em 31 ruas do Tabuleiro dos Martins, Rui Palmeira afirmou que tomará a decisão sobre seu futuro somente após a resposta do PSDB nacional sobre a candidatura tucana, prevista para o próximo mês.

O prefeito confirmou viagem à capital federal na quarta, mas para uma audiência no Ministério da Economia. “Apenas isso. Ele disse que aguarda a posição da executiva nacional sobre o partido ter candidatura própria”, informou a secretária de Comunicação de Maceió, Eliane Aquino, ao Diário do Poder.

A reportagem ainda apurou que a Executiva Nacional do PSDB já começou a analisar o caso na última quarta-feira (12), quando foi lida a carta de Rui e foram escolhidos como espécie de relatores do caso o ex-senador e ex-presidente nacional tucano, José Aníbal, e o deputado federal Roberto Pessoa (PSDB-CE).

Uma decisão final somente deve sair numa próxima reunião, que deve acontecer em 4 de março. E o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, pediu para que Aníbal e Roberto Pessoa tentem resolver a história com diálogo.

O ex-governador de Alagoas e ex-presidente nacional do PSDB, Teotonio Vilela Filho, diz que o partido tem uma “dupla imbatível para 2020”. 

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