"Mizerê"

Procurador de MG diz que vai virar pedinte com salário de R$ 24 mil

Média salarial em 2019 de Leonardo Azeredo dos Santos foi, na verdade, de R$ 68.275,34

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Procurador reclama de salário "mizerê" de R$ 24 mil líquidos. Foto: Reprodução

O procurador Leonardo Azeredo dos Santos se queixou em sessão da Câmara de Procuradores do Ministério Público de Minas Gerais, no dia 12 de agosto, de receber o ‘mizerê’ de R$ 24 mil por mês. O áudio na íntegra, com 1 hora e 40 minutos, foi publicado no site da própria instituição.

“O senhor me desculpe o desabafo, eu estou fazendo a minha parte. Eu estou deixando de gastar R$ 20 mil de cartão de crédito e estou passando a gastar R$ 8 [mil], para poder viver com os meus R$ 24 mil”, disse aos colegas discutiam o orçamento proposto para 2020. Azeredo começou a indagar quais as soluções previstas para aumentar os salários dos membros do Ministério Público no próximo ano.

Ele questionava o procurador-geral da Justiça, Antônio Sérgio Tonet, sobre soluções que estariam sendo pensadas para garantir pagamento de “qualquer tipo de vantagem, quando passarem a receber o “salário verdadeiro”, com o fim de pagamentos retroativos.

“Como é que o cara vai viver com R$ 24 mil? O que é que de fato vamos fazer para melhorar a nossa remuneração? Ou nós vamos ficar quietos? Eu não sei se vou receber a mais, se vai ter algum recálculo dos atrasados que possa me salvar, salvar a minha pele. Eu, de qualquer forma, já estou baixando meu padrão de vida bruscamente, mas eu vou sobreviver”, afirmou.

E ele continuou: “Vamos baixar mais a crista? Vamos virar pedinte quase? Alguém vai chegar e dizer ‘ora, exagero seu, você não sabe o que é um pedinte’. Mas será que estou pedindo muito, para o cargo que eu ocupo? Será que o meu cargo não merece ter uma remuneração que eu possa pagar o colégio dos meus filhos, por exemplo?”.

O valor de R$ 24 mil citado por ele é uma média dos salários no Ministério Público de Minas Gerais. Segundo o portal da transparência do MPMG, em janeiro, Azeredo recebeu bruto R$ 35.462, 22. Após os descontos, o valor líquido foi de R$ 23.803,50.

Ocorre que, segundo a planilha divulgada na página do Ministério Público mineiro, ele ainda teve direito a indenizações que somaram R$ 42.256,59, mais R$ 21.755,21 em outras remunerações retroativas/temporárias.

Em julho, a última informação disponível, o bruto foi de R$ 35.462, 22 e o líquido, após descontos, foi de R$ 23.803,50. As indenizações ficaram em R$ 9.008,30 e as remunerações retroativas/temporárias foram de R$ 32.341,19. A média mensal recebida por ele em 2019 foi de R$ 68.275,34. (Com informações da Folhapress)

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