Lava Jato

Paróquia investigada pela Lava Jato rebate acusações e diz que dinheiro era doação

Igreja também cita Agnelo Queiroz e ex-deputado Washington

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Citada na 28ª fase da Operação Lava Jato, Vitória de Pirro, deflagrada nesta terça-feira (12), a Paróquia São Pedro, em Taguatinga Sul, comandada pelo padre Moacir Anastácio, virou o novo alvo das investigações. Segundo os procuradores da força tarefa do Ministério Público Federal, a igreja recebeu R$ 350 da empresa OAS em uma conta corrente. Valor depositado a pedido do ex-senador Gim Argello (PTB), preso nesta manhã, no Lago Sul. No fim desta tarde, a paróquia resolveu se pronunciar, por meio de nota, e dar sua versão sobre o caso.

Assinada pelo padre Moacir, o texto começa dizendo que a igreja "gostaria de expressar admiração e respeito aos membros do Ministério Público Federal e, ao não menos ilustre, juiz federal Dr. Sérgio Moro, pelo trabalho incansável tanto de sua excelência, como também do próprio MPF, na condução dos trabalhos empreendidos na força tarefa que resultou na denominada "operação lava jato".

Segundo a igreja, nunca houve qualquer tipo de contato com a construtora OAS, muito menos com os seus diretores. "Por sermos uma instituição religiosa que sobrevive, basicamente, de doações, jamais celebramos qualquer tipo de contrato de prestação de serviços com a construtora OAS ou com qualquer outra empresa", completa a nota.

De acordo com a o texto, a paróquia, com conhecimento da Arquidiocese de Brasília, sempre recebeu doações para o custeio das despesas demandadas pelo evento Pentecostes, realizado em Taguatinga uma vez por ano e que recebe milhões de pessoas. A igreja também diz que o saldo de doações sempre foi investido no Centro de Evangelização Renascidos em Pentecostes. "Existem várias fórmulas de se angariar recursos e doações, desde campanha dos envelopes, vendas de camisetas e doações de pessoas físicas e/ou jurídicas", explicou o padre.

Gim, Washington e Agnelo

Gim Argello, Washington Mesquita e padre MoacirNa nota divulgada pela paróquia, a direção explicou que em 2014 um dos paroquianos e membro da coordenação da equipe de pentecostes engajado com esse evento, que seria o então deputado distrital Washington Mesquita, se ofereceu para conseguir patrocinadores para o evento, pedindo ajuda a outro frequentador e participante contumaz do evento há mais de dez anos, que seria o ex-senador Gim Argello. Segundo a nota, "Argello não mediu esforços para atender às necessidades da paróquia, procurando a empresa OAS, que se dispôs a fazer uma 'doação' para a festa de Pentecostes".

"Nesse período, o então deputado Washington Mesquita repassou para o então senador Gim Argello os dados bancários da nossa Paróquia, que mantemos no banco Itaú. Assim que em 19 de maio de 2014 fomos avisados de a OAS teria realizado um depósito de R$ 350.000,00 em nossa conta, destinados à realização desse evento, cujo recibo foi disponibilizado ao Ministério Público Federal", explicou.

Ainda de acordo com o padre Moacir, em nota, além da construtora AOS, a Paróquia São Pedro também recebeu doação da construtora Andrade Gutierrez, no valor de R$ 300.000,00, realizada em 4 de junho do mesmo ano, que foi obtida por intermediação do então governador do DF Agnelo Queiroz. "Também recebemos doações da construtora Via Engenharia, todas contabilizadas e à disposição das autoridades".

A igreja reforçou no texto que todas as doações foram contabilizadas e se destinaram a custear o evento de Pentecostes e outras obras sociais, mas não disse quais.

Arquidiocese

Em um comunicado oficial à imprensa, a Arquidiocese de Brasília, responsável pela Paróquia São Pedro, informou que está aguardando mais informações sobre o fato veiculado hoje a respeito da doação."Comunicamos que as doações dos fieis para a sustentação econômica da Igreja são acolhidas de acordo com as normas estabelecidas pela legislação civil e eclesiástica, rejeitando qualquer procedimento que não esteja de acordo com a lei e defendendo a sua rigorosa apuração", finalizou o texto.

 

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