Sem mais ameaças

Oposição oferece 'estrutura' por vaga na Mesa da ALE em Alagoas

Queda da PEC do Orçamento Impositivo faz oposição mudar tática

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Na tarde desta terça-feira (13), o bom senso prevaleceu sobre a sede de poder dos oposicionistas ao governador Renan Filho (PMDB) e à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), com a retirada definitiva da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Orçamento Impositivo, que previa a liberação de R$ 80 milhões para emendas parlamentares. Com minoria na bancada, os oposicionistas de ocasião foram vencidos pelo cansaço e pela pressão da ameaça de governistas de lançá-los ao julgamento da opinião pública. Agora, prometem "estrutura", em troca de votos.

A proposta de autoria do deputado Francisco Tenório (PMN) poderia ser chamada de ‘PEC da Barganha’, pois nasceu e morreu em nome dos interesses pessoais e eleitoreiros de um pequeno grupo de deputados que busca espaço no governo e na futura Mesa Diretora do Legislativo, cujo presidente Luiz Dantas (PMDB) deve ser reeleito.

O próprio autor da PEC pediu a retirada definitiva da proposta, depois que argumentos contrários à artimanha foram expostos por Renan Filho, que convenceu a maioria de sua bancada a pressionar oposicionistas, ameaçando expor as barganhas por trás da PEC que pôs a faca no pescoço do Executivo, em plena crise nacional.

'Estrutura'

Mas Chico Tenório e os colegas de parlamento Antônio Albuquerque (PTB) e Marcelo Victor (PSD) seguem uma velha tática para garantir serem eleitos em posições estratégicas da próxima Mesa. Têm prometido “estrutura” aos deputados novatos.

Antônio Albuquerque e Chico Tenório querem o cargo de vice-presidente da Mesa. Bruno Toledo (PROS) e Marcelo Victor, primeira e segunda secretarias.

“Nós os derrotamos pela pressão e pelo cansaço. Decidiram não peitar. Combinamos com o governo de ir para cima e fomos, no Palácio e no plenário. Estão com várias estratégias, como colocar a eleição cargo a cargo é uma delas. Tentaram passar a PEC para mostrar que a Mesa não tinha liderança. Agora, estão prometendo estrutura aos novatos. Você sabe o que é estrutura? Né? Na verdade, quem estiver na Mesa pode colocar o governo de joelho. É o que querem fazer. Com PEC ou sem PEC”, disse um integrante do Legislativo de Alagoas, ao Diário do Poder.

"Estrutura", no dialeto de quem conhece a história do Legislativo de Alagoas significa vantagens concedidas, que deram àquele Poder a notoriedade que tem hoje, como cargos na folha, gratificações polpudas a comissionados e tudo mais que já foi alvo de investigações do Ministério Público e ações da Justiça.

AA nega estratégia

O deputado Antônio Albuquerque entrou em contato com o Diário do Poder na manhã desta quarta-feira (14) e negou qualquer relação com a articulação para a aprovação da PEC que defendeu publicamente na tribuna da Assembleia. Bem como negou fazer parte da oposição a Renan Filho ou de qualquer uma das táticas em andamento para ascender à Mesa Diretora, junto com Chico Tenório e Marcelo Victor.

"Onde que você foi buscar que sou oposição ao governo? A matéria é tão falsa, absurda, eivada de inverdades. Eu preferia que o governador falasse sobre minha posição que é clara desde o início. Não sou oposição e defendi PEC do Orçamento Impositivo, porque é importante e já existe no governo federal e em vários Estados. Sou contra que seja feito para time de futebol e entidades filantrópicas, só deveria ir para municípios com percentual para saúde, educação e segurança, adequado à capacidade de investimento do Estado. Inclusive, por coincidência, é a mesma posição do governador. Mas a pior de todas as inverdades é de que sou aliado político de Francisco Tenório, que é meu adversário político. Não temos nenhuma relação política nem pessoal, pelas inúmeras divergências de postura, de opinião, de conceitos, que nos separam. Quem te passou essas informações é um maloqueiro. Isso é coisa de maloqueiro", disse Albuquerque.

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