Notas frias em atacado

Operação Hidra prende oito por esquema de R$ 75 milhões em sonegação fiscal na Bahia

Grupo atacadista usava laranjas, compras em nomes de terceiros e empresas “noteiras”

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Oito pessoas foram presas nesta quarta-feira (14) durante a deflagração da Operação Hidra, que investiga um esquema que resultou em dívidas tributárias de R$ 75 milhões, envolvendo uma organização que atua no comércio atacadista de alimentos e pescados. Além das prisões, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão nos municípios de Salvador, Camaçari, Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos, na Bahia, e ainda em Itajaí, em Santa Catarina.

Foram apreendidos cerca de 100 carros, duas lanchas, sete motos aquáticas e R$ 70 mil em espécie, computadores e documentos, na operação integrada pelo Ministério Público da Bahia (MPBA) e pelas secretarias estaduais da Fazenda (Sefaz) e da Segurança Pública (SSP).

A força-tarefa responsável pela operação diz que a organização utilizava laranjas, simulações sucessivas nos contratos sociais, compras em nomes de terceiros e empresas “noteiras”, constituídas apenas para emitir notas fiscais frias, para evasão de receita e sonegação fiscal.

As oito pessoas envolvidas na organização foram conduzidas à Companhia de Operações Especiais (COE), em Salvador, para serem interrogados. Além disso, a empresa JRS, de Itajaí, em Santa Catarina, foi interditada pelo Ministério da Agricultura por conta de diversas irregularidades, tais como pescados em decomposição e etiquetas falsificadas.

De acordo com a força-tarefa, em dez anos, o grupo constituiu mais de 15 empresas tendo à frente um empresário e seu sobrinho, que atuaram como sócios ocultos nos empreendimentos comerciais, utilizando familiares, empregados e terceiros para expandir os negócios.

Essas empresas passaram por fiscalizações que resultaram na lavratura de autos de infração em razão de prática de sonegação fiscal. Na medida em que as empresas devedoras tiveram suas atividades paralisadas, surgiram outras que deram continuidade aos negócios, com as mesmas práticas delituosas.

Operação Hidra busca provas de esquema de sonegação na Bahia. Foto: Cecom MPBA

Recuperação de Ativos

Atuam na força-tarefa o Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e aos Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica, as Relações de Consumo, a Economia Popular do MP (Gaesf); a Inspetoria Fazendária de Investigação e Pesquisa (Infip) da Sefaz; e o Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) e a Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), ligados à SSP.

O trabalho é parte das ações do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), que reúne, além do MP, da Sefaz e da SSP, o Tribunal de Justiça da Bahia e a Procuradoria Geral do Estado. Além de operações especiais como a Hidra, as estratégias do Cira para a recuperação do créditos sonegados envolvem a realização de oitivas com contribuintes e ajuizamento de ações penais. O Comitê possui sedes em Barreiras, Feira de Santana e Vitória da Conquista, além do escritório central em Salvador. (Com informações da Cecom/MPBA)

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