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No Pará, favorito Helder Barbalho é coligado ao PSL e ganhou respaldo do PT

Candidato do MDB teve 47,7% do votos e quase foi eleito governador no primeiro turno

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Candidato do MDB teve 47,7% do votos e quase foi eleito governador no primeiro turno. Foto: Marco Santos

Com 47,7% dos votos no primeiro turno, o ex-ministro Helder Barbalho (MDB), é apontado como o grande favorito contra o deputado estadual Márcio Miranda (DEM), que obteve 30,2% e conta com o apoio do PSDB, do governador Simão Jatene.

Para o segundo turno, Helder, 39, ganhou o respaldo do PT, cujo candidato, Paulo Rocha, ficou em terceiro (17%). O Pará é o único estado fora do Nordeste onde o petista Fernando Haddad foi o candidato a presidente mais votado. Do outro lado do espectro ideológico, a coligação de Helder, que declarou neutralidade na corrida presidencial, inclui o PSL de Jair Bolsonaro. O emedebista tem também o apoio do da bancada da bala no estado, incluindo seu principal nome, o deputado federal reeleito Éder Mauro (PSD).

Médico e ex-oficial da PM, Miranda também se declarou neutro no segundo turno da campanha presidencial. Ele teria tentado atrair o apoio de Bolsonaro, mas sem êxito. Ganhando ou não, Helder já conta com os pais reeleitos: o senador Jader, patriarca da família, e a deputada federal Elcione. Há também o primo José Priante, que renovou o mandato de deputado federal. Todos são do MDB.

Para Edir Veiga, cientista político da UFPA (Universidade Federal do Pará), a resiliência do clã é resultado da capilaridade do MDB no estado, do uso político do conglomerado de comunicação da família, ao desgaste do PSDB após 20 anos, e à decadência da esquerda após o mal avaliado governo da então petista Ana Júlia Carepa (2007-2011).

Em 2016, o MDB dos Barbalho foi o partido que mais elegeu prefeitos no Pará, com 42 de um total de 144 municípios. Veiga lembra que, mesmo fora da época eleitoral, a família conta com a cobertura favorável dos meios de comunicação que controla. É o caso do Diário do Pará, que noticiava com destaque os repasses federais às prefeitura assinados por Helder, quando comandava o Ministério da Integração Nacional, durante o governo Temer.

Outro fator importante, segundo Veiga, foi a ascensão de Helder.  “Ele reoxigenou o projeto da família. É jovem, excelente na arte de discursar, tem uma trajetória, foi deputado estadual e prefeito [de Ananindeua, grande Belém].”
O cientista político disse que nem o envolvimento dos Barbalho em recentes escândalos políticos nacionais -Helder e Jader são réus no STF- abalou a força dos Barbalho. “Existe uma grande rejeição do governo tucano e não tem outra alternativa aqui no Pará”, afirma Veiga. (Folhapress)

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