Operação Spoofing

Áudio mostra americano orientando membro da gangue que invadiu celulares

Para o MPF, o jornalista teria auxiliado, orientado e incentivado hackers criminosos

acessibilidade:
Segundo o MPF Greenwald teria auxiliado, orientado e incentivado as atividades criminosas do grupo Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta terça-feira (21) à Justiça Federal o jornalista americano Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil, e mais seis pessoas, após ter sido encontrado em um computador na casa de Luiz Henrique Molição, acusado de ser um dos invasores de celulares de autoridades, um áudio em que o jornalista orienta a destruição de mensagens.

A denúncia ocorreu no âmbito da Operação Spoofing, que apura a invasão de celulares de autoridades. A denúncia é por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e interceptação telefônica, informática ou telemática ilegal.

Segundo a denúncia, Greenwald teria auxiliado, orientado e incentivado as atividades criminosas do grupo.

Uma decisão liminar concedida em agosto do ano passado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Greenwald não fosse investigado ou responsabilizado por receber, obter ou publicar informações de interesse jornalístico. O pedido de liminar havia sido feito pelo partido Rede Sustentabilidade. Desde junho do ano passado, o site de Greenwald tem publicado supostas mensagens trocadas por autoridades da República. Glenn afirmava ter obtido o material de uma fonte anônima.

Denúncia

Na denúncia, o procurador responsável ressalta que, em respeito a tal decisão, não houve investigação contra Greenwald, mas que ainda assim resolveu denunciá-lo em razão da prova de áudio encontrada.

A orientação para que mensagens que ligavam os hackers ao site de Greenwald fossem apagadas teria sido dada pelo americano depois dos primeiros vazamentos de mensagens do celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, diz a denúncia. Para o MPF, isso caracterizaria “clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção à fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”.

A procuradoria diz entender não ser crime somente a publicação do material obtido de forma ilícita, mas argumenta que Greenwald teria ido além ao orientar sobre como dificultar a investigação dos crimes. O MPF informou que a denúncia foi encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR) para eventual pedido para que seja revogada a liminar do Supremo que impede o jornalista de ser investigado.

Além de Greenwald e Molição, foram denunciados: Walter Delgatti Netto e Thiago Eliezer Martins Santos, apontados como mentores e líderes do grupo; Danilo Cristiano Marques, acusado de ser testa de ferro de Delgatti na obtenção de materiais para o cometimento dos crimes; o programador Gustavo Henrique Elias Santos, que teria desenvolvido as técnicas para a invasão dos celulares de autoridades; e Suelen Oliveira, esposa de Gustavo que teria atuado como laranja.

Fraude bancária

O grupo ainda deve ser alvo de outra denúncia pelo crime de fraude bancária, que ainda segue em investigação, de acordo com o MPF.

A denúncia apresentada nesta terça-feira (21) à 10ª Vara Federal de Brasília diz ter ficado provada a ocorrência de 126 interceptações telefônicas, telemáticas ou de informática e 176 invasões de dispositivos informáticos de terceiros, resultando na obtenção de informações sigilosas. Entre os envolvidos, somente Greenwald não foi acusado pelo crime de lavagem de dinheiro. (Com informações da Agência Brasil)

Reportar Erro