Operação expurgo

MP prende dois policiais acusados de matar e torturar suposto traficante em Alagoas

PM apontado como líder de 'bonde dos tenentes' teria tentado estuprar esposa da vítima

acessibilidade:

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Alagoas (MPAL) divulgou hoje (10) que cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra os militares Manoel Felipe Júnior e Marcelo Acioli Costa e em desfavor de Neilson Santos Dantas, acusados de matar e torturar, em 2017, o suposto traficante João Pereira da Silva, vulgo ‘Joãozinho’, em sua residência, em Colônia Leopoldina (AL). As prisões dos também acusados de latrocínio ocorreram na terça-feira (8), na segunda fase da Operação Expurgo.

Segundo o MPAL, as prisões decorrem do relato de uma testemunha do crime que teria sido comandado pelo tenente da Polícia Militar Tiago da Silva Duarte, preso desde janeiro, na primeira fase da operação.

O colaborador acolhido pelo Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas do Ministério da Justiça relatou que o tenente Tiago é chefe de uma organização criminosa que pratica, dentre outros crimes, “homicídios, roubos, latrocínios e desaparecimentos”, muitos em fase de investigação.

O relato aponta que liderados por Tiago, então comandante do Pelopes de Joaquim Gomes, os três presos teriam participado, na madrugada de 9 de dezembro de 2017, da invasão à residência do suposto traficante. O fato que também foi confirmado pela viúva da vítima seria de que o tenente teria ido, sem sucesso, atrás de drogas e dinheiro.

Mesmo com a promessa de Joãozinho depositar R$ 20 mil em sua conta corrente, o policial resolvera praticar tortura contra todos que estavam em casa. Por fim, ele teria dado dois tiros de pistola .357 na cabeça de Joãozinho, segundo o MPAL. Os filhos do casal estavam presos num dos quartos do imóvel e ouviram os disparos.

A tortura

“Quando fui ao encontro do tenente Tiago, percebi que ele estava quebrando os dois dedos da mulher do Joaozinho. E ele estava querendo estuprá-la. Eu a vi de joelho com a boca nas partes íntimas dele. O traficante pedia para que o matassem, mas que deixassem sua esposa. E os filhos estavam no quarto ao lado, escutando a mãe gritar”, diz um trecho do depoimento da testemunha.

O delator também informou que o referido oficial “possui um conjunto de objetos destinados a torturar suas vítimas, a exemplo de um bastonete de borracha com pregos na ponta e uma grande agulha reforçada, e que esta última serviria para penetrar a região transitória entre a unha e a carne, extremamente sensível e dolorosa”.

Após a execução do suposto traficante, os investigados roubaram duas televisões LCD, dois celulares, além de uma maleta de jóias pertencente a esposa de João Pereira da Silva.

A 17ª Vara Criminal da Capital atendeu ao pedido do Gecoc para as prisões, sob o argumento de assegurar a eficácia das investigações. (Com informações da Ascom do MPAL)

Reportar Erro