Burocracia homicida

Morre Rodrigo, bebê que aguardava por cirurgia

Ele lutou, mas vencer as doenças e o sistema não era fácil

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O pequeno Rodrigo se cansou de lutar. Pelas mãos do médico Marcelo Ruperto, Rodrigo nasceu de parto cesáreo às 18h21, em 3 de novembro, no Hospital Regional da Asa Norte. De cara, os médicos identificaram que se tratava de um bebê especial, portador da Síndrome de Down e que ainda teria muito a brincar.

Após 62 horas de vida, médicos, no entanto, identificaram um problema no coração do bebê.  Ele teria que fazer exames, cirurgias, correções para conseguir cumprir a missão de uma criança feliz. Mas apesar das anotações do prontuário ? só até onde o Diário do Poder teve acesso, foram 43 páginas de relatos ? ele ficou no Hran.

A remoção do pequeno ao Instituto de Cardiologia, onde receberia tratamento adequado, veio 19 dias após o nascimento, quando o caso ganhou espaços nos jornais. A Secretaria de Saúde alegava que ele precisava pesar três quilos para poder ser transferido. Faltavam poucos gramas: ele tinha 2.810 gramas.

rodrigo

A medida que o estado de saúde se agravava, o peso reduzia e ele ficava mais susceptível a doenças oportunistas. Sofreu com infecções. Filho de mãe solteira, uma diarista de vida simples, sem vínculo empregatício nem previdenciário, ficou à espera da boa vontade de autoridades. Conseguiu a remoção em 22 de novembro.

No Instituto de Cardiologia, mesmo onde ficou internado o ex-deputado José Genoino, médicos tentaram cuidar de uma infecção de Rodrigo. A luta era difícil. Não era só vencer as doenças. Era vencer um sistema que permite cuidados a quem menos precisa enquanto crianças são obrigadas a ?aguardar? por vaga. Rodrigo se despediu. Mas a tristeza é maior ao saber que  nada vai mudar no País.

A Secretaria de Saúde alegou que o bebê morreu da decorrência da infecção e não por causa da demora na remoção ou da cirurgia cardíaca que não chegou a ser feita.

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