Operação Cataclisma

TJMG nega liberdade a delegado acusado de chefiar esquema de R$19 milhões em blitze

Esquema fraudava blitze, documentos de veículos e outras ilegalidades em Santa Luzia (MG)

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O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou, nesta sexta-feira (13), um pedido de libertação do delegado Christian Nunes de Andrade, preso sob a suspeita de chefiar uma organização criminosa que lucrou mais de R$ 19 milhões com um esquema de fraudes em blitze de trânsito, emissão de documentos de veículos e outras ilegalidades no Detran de Santa Luzia (MG).

As irregularidades foram alvos da Operação Cataclisma, que prendeu nove dos denunciados e apreendeu R$ 842 mil em dinheiro vivo, em 28 de outubro. Além do delegado que chefiava a Delegacia Regional de Trânsito de Santa Luzia, foram presos policiais civis, militares, servidores cedidos ao Detran, despachantes, comerciantes de veículos e a dona de um pátio onde ficavam os carros apreendidos.

Ao todo, 16 pessoas devem responder na Justiça por corrupção ativa e passiva, organização criminosa, peculato, inserção de dados falsos em sistemas de informações, obstrução de investigação e lavagem de dinheiro.

Andrade é acusado de organizar blitze de trânsito e, com a ajuda de policiais militares aliados, apreender veículos com problemas de documentação, para, em seguida, cobrar propina para liberar os veículos, mesmo sem que as irregularidades tivessem sido resolvidas.

Segundo as investigações, as empresas dos pátios de veículos e os policiais do esquema dividiam os valores pagos pelas diárias.

Emerson Rodrigues, funcionário da Prefeitura de Santa Luzia cedido ao Detran, foi flagrado em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Por telefone, o servidor municipal indica a um policial militar um local para que fosse feita blitz em um evento de motos, com o alerta de que o policial não devia atrapalhar, porque a ação pertencia a um aliado. Em seguida, o policial confirmou que a blitz estava sendo feita, com várias apreensões de veículos.

Furto de peças e lavagem de dinheiro
A investigação indica que a dona de um dos pátios de apreensão retirava peças dos carros para vender. E o delegado é acusado de usar uma construtora de seu irmão para lavar o dinheiro da propina.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou que a empresa não tinha obras registradas no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), e estava praticamente parada durante todo o período em que o dinheiro do esquema passou pelas suas contas bancárias.

Na denúncia, o delegado é apontado como dono de um dos pátios onde ficavam os veículos, o que é proibido, segundo o MPMG. E o uso de laranjas ocultava o negócio ilegal.

O delegado Christian Nunes de Andrade também foi acusado de mandar adulterar o sistema de informática do Detran para emitir documentos de veículos com irregularidades.

Em nota, a Prefeitura de Santa Luzia informou que “os funcionários, a partir do momento que estão cedidos, ficam sob a supervisão dos gestores locais destes órgãos. Porém, está sendo aberto processo administrativo para apurar alguma infração administrativa de eventual servidor da prefeitura”.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa do delegado Christian Nunes de Andrade. (Com informações do G1)

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