Militares dizem que alerta da Sefaz sobre Alagoas quebrar 'é falácia'
PM reage à fala do governo de que aumento de 10% equivale a 33%
A radicalização das tropas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado de Alagoas foi tratada como um risco ao ajuste fiscal do Estado, pelo secretário da Fazenda, George Santoro, que afirmou que “o Estado quebra”, se avançar além do percentual de 10% de “ganho real” parcelados em quatro anos, que garantiria a policiais e bombeiros um aumento de 33% até 2022. Mas o movimento unificado dos policiais e bombeiros que passou a exigir reajuste de 29% tratam como “falácia” as projeções feitas pelo titular da Sefaz.
O primeiro ponto de discordância dos representantes das tropas aponta que a retórica do assessor do governador Renan Filho (MDB) não passa de conjectura, com base em projeções de índices futuros do IPCA, que seriam somados aos 10% propostos na última sexta-feira (13). Além disso, o movimento nega que a proposta do governo não foi apresentada como ganho real, nem teria como ter esse caráter, devido à ausência de reposição de 10,6% relativa às perdas inflacionais de 2015.
“Falácia! Os IPCAs contabilizados pelo Sefaz são conjecturas! Em 2015 o governo, durante o acordo com os militares, prometeu fazer a reposição daquele ano no mês de dezembro e não fez. Então não há como contabilizar essa perspectiva de inflação como ganho não”, disse o presidente da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal), coronel J. Cláudio.
Representantes do movimento das associações militares destacam ainda que têm buscado a equiparação ao percentual de reajuste de 29% concedido aos delegados da Polícia Civil, e citado outros aumentos de ganho real para agentes penitenciários e agentes de polícia, sem o interesse de criticar as outras categorias. Mas porque as tropas teriam cansado de serem usadas como trunfo eleitoral da reeleição do governador Renan Filho, devido à atuação direta na redução da violência, em 2015, sem passar pela mesma valorização das outras classes da segurança pública.
'NO LIMITE'
Em entrevista ao jornalista Edivaldo Júnior, nesta quarta-feira (18), o secretário da Fazenda afirmou que os militares garantiriam os 10% de ganho real, parcelados nos próximos quatro anos; mais toda a reposição de inflação que o servidor do estado também terá no período: 2,95%, neste ano de 2018; e 5% ao ano de 2019 até 2022, segundo projeções de IPCA.
“Fomos ao limite do limite, porque o governador Renan Filho está preocupado com a segurança da população. Não dá para ir além, senão o Estado quebra. Os militares teriam, neste período, além dos 10%, um percentual de correção de 23% ou mais, dependendo da inflação. Somando tudo, passariam dos 33%”, disse Santoro.
No início da semana passada, o governo ofereceu 3,8%, em resposta ao pedido de 10,71% de reposição da inflação de 2015, feito pelas tropas. Em depois da ameaça de aquartelamento, na sexta-feira (6), ampliou o percentual para 6%, rejeitado na mesa de negociações pelas associações militares; depois subiu para 10% divididos em quatro vezes, sendo 4% em 2019 e 2% nos três anos seguintes.
O secretário George Santoro leu, mas não respondeu ao contato do Diário do Poder, para comentar a afirmação da Assomal de que sua retórica não teria passado de “falácia”.