Mercado financeiro: Investidores agora podem pagar comissões fixas à corretores

A pandemia fez com que pessoas e empresas mudassem sua forma de negócio. Poupar para ter em uma hora de emergência se mostrou essencial nesse período. E esse é um dos motivos que tem atraído cada vez mais adeptos ao mercado de investimentos. Mas, a famosa comissão dos agentes de investimento causam desconforto e desconfiança para quem vai colocar seu dinheiro em um fundo ou comprar ações.

Diante do cenário, o Fee Fixo ou comissão fixa surge como uma solução inovadora para tratar da remuneração dos assessores de investimentos. A gigante XP em parceria com a GWX, em Brasília, mudou a forma de pagar seus agentes.

O economista e sócio da GWX, Mauro Chuairi, explica que no modelo tradicional os agentes autônomos de investimentos recebem um comissionamento baseado nos investimentos realizados pelo investidor. “Ele é chamado de modelo de remuneração por transação (rebate). Nele, a remuneração do produto A pode ser maior do que a do produto B, por exemplo. Como consequência, o assessor ganha mais quando o cliente investe em determinadas opções do que em outras. É aqui que surge a discussão devido à possibilidade de existir um conflito de interesses”, esclarece.

Em geral, o investidor tem menos experiência e conhecimento do mercado financeiro que o assessor. Logo, ele poderia não ter bases técnicas para contrariar as informações do agente. A situação poderia acabar prejudicando a montagem da sua carteira.

Como algumas alternativas podem garantir uma remuneração maior, há a preocupação sobre os objetivos do agente ao apresentar os investimentos. Afinal, nem sempre o melhor para o investidor é a alternativa mais rentável para o assessor. “Assim, se um produto garante melhor retorno, o agente autônomo de investimento poderia dar preferência para ele ao falar com o cliente. Contudo, a prática poderia ir contra os objetivos e interesses do investidor, prejudicando a análise feita antes de investir”, explica Mauro.

A modalidade de remuneração fixa surgiu para combater eventuais problemas e trazer mais transparência ao investidor. Nesse caso, a remuneração é determinada por um valor fixo indicado no contrato, sem variar conforme o produto financeiro. “A taxa fixa que será utilizada pelos clientes da GWX e XP Investimentos para determinar a comissão paga. Desse modo, não será mais o produto financeiro que remunerará o assessor”, ressalta Mauro. A escolha passa a ser feita pelo cliente, que tem liberdade para determinar um percentual de remuneração ao profissional.

Mas, o modelo tradicional não foi extinto. As contas dos investidores ainda serão ativadas com o modelo tradicional (commission based). Porém, o cliente terá a liberdade de fazer a alteração para o Fee Fixo. Basta realizar a solicitação pelos canais específicos. Também existe uma faixa determinada para a cobrança da remuneração. Conforme as regras propostas, ela poderá variar entre 0,6% a 1% ao ano, sendo acordado livremente entre as partes.

Além disso, o cálculo é feito pro-rata die, ou seja, sempre proporcional à quantidade de dias e ao patrimônio a ser investido. Outro diferencial no modelo é que a rentabilidade que era destinada ao comissionamento é devolvida ao cliente.

O objetivo será trazer mais transparência e idoneidade para o relacionamento. Nesse caso, o cliente verá o valor do saldo entre o fee fixo e eventuais créditos recebidos – como uma espécie de cashback.