Cervejaria Backer

Mais um lote de cerveja mineira está contaminado com substância tóxica

Outros dois lotes já tinham sido bloqueados; uma pessoa morreu e outras dez passaram mal

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Mais um lote da cerveja Belorizontina, da Backer, está contaminado com substância tóxica, anunciou a Polícia Civil de Minas Gerais nesta segunda-feira (13).

Além dos dois lotes da cerveja contaminados por dietilenoglicol —L1 1348 e L2 1348—, a polícia confirmou a presença da substância no lote L21354, do rótulo Capixaba. É a mesma cerveja Belorizontina vendida com outro nome no estado do Espírito Santo.

A bebida também teria sido contaminada por monoetilenoglicol, ambas tóxicas.

A substância presente em lotes da bebida pode ter relação com a morte de uma pessoa e outras dez internados com sintomas que incluem insuficiência renal, alterações neurológicas, vômitos e diarreias.

E esse quadro ainda pode aumentar. A polícia ainda investiga de seis a dez novas vítimas, inclusive uma mulher.

“As provas que colhemos no fim de semana são alicerce do nosso trabalho investigativo. Podemos afirmar a existência da síndrome nefroneural e a compatibilidade com a contaminação por dietilenoglicol”, afirma o delegado Wagner Pinto, chefe da Polícia Civil de Minas Gerais.

A Polícia Civil confirmou que encontrou as substâncias em material recolhido na empresa para a perícia, em pontos de venda da bebida e também em garrafas lacradas que estavam em posse de consumidores.

“Trabalhamos no sábado e domingo e fomos a Brasília buscar material para tornar a investigação mais robusta”, diz Wagner.

Os delegados dizem que ainda não é possível afirmar se foi um erro ou sabotagem. “Encontramos os elementos em toda a cadeia, mas por enquanto não é possível avaliar se houve sabotagem”, afirma o delegado da Polícia, Flávio Grossi.

A polícia informou que a linha investigativa, que será feita por fases e que não há como dar a culpabilidade a ninguém ainda. “No momento, estamos fazendo as análises técnicas”, disse Flávio.

“O nosso primeiro passo é entender como se deu a intoxicação para depois buscar a responsabilidade”, diz Wagner.

A Backer já havia registrado um boletim de ocorrência contra um ex-funcionário da cervejaria, que ameaçou de morte o supervisor da empresa em dezembro do ano passado. Depois de ser informado que seria desligado da empresa, o funcionário teria feito ameaças no interior da empresa. “Será mais uma linha investigativa a ser desenvolvida”, diz Flávio.

Grande parte da distribuição dos lotes contaminados foi distribuída na rede de supermercados Super Nosso em lojas do bairro Buritis, Lourdes, na Cidade Nova, em Nova Lima e em unidade na avenida Afonso Pena. A Polícia trabalha com cinco casos emblemáticos até o momento, todos com passagem pelo bairro Buritis.

Segundo a polícia, a empresa apresentou notas fiscais apenas para a compra de monoetilenoglicol. Mas a perícia da polícia constatou as presenças de monoetilenoglicol e dietilenoglicol no tanque de chiller, de resfriamento da cerveja. Em tese, as substâncias do tanque não têm contato com a cerveja.

O mapa das contaminações é todo na região de Belo Horizonte, e por enquanto ainda não há informações da polícia de casos em outros estados.  O médico Thales Bittencourt, superintendente de polícia técnico-científica, disse que a variação da dose letal de dietilenoglicol é grande.

Em um homem médio, de 70 kg, por exemplo, pode ir de 0,014 miligrama por quilo a 0,170.  “Ou seja, ele pode ter exposição de um grama e evoluir ao óbito ou de 12 e não ter sintoma”, afirma.  Segundo Thales, depende da predisposição de cada pessoa. Segundo ele, em até uma semana é esperado que os sintomas comecem a aparecer. (Folhapress)

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