Sincero

Feliciano critica ataques governistas, blindagem a Dino e tensões no PL

Ao Diário do Poder, parlamentar revelou ‘confusão’ entre orientação de voto da oposição e postura dos colegas de partido

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Marco Feliciano (PL-SP) no plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Agência Câmara.

Entre as polêmicas que movimentam os embates da base governista do Congresso com a oposição, o nome do deputado Marco Feliciano (PL-SP) é constante. O pastor figurou ao lado de Bolsonaro quando ainda eram colegas de parlamento, durante o calor dos debates na Comissão de Direitos Humanos, da qual foi presidente em 2013. Protagonista de novos embates na CPMI do 8 de janeiro, o parlamentar considera que ‘os ataques dos meus colegas não fazem nem cócegas perto do que apanhei da imprensa [em 2013]’.

Ao Diário do Poder, Feliciano fez menção ao conflito de interesses que resulta do avanço do governo Lula sobre as negociações que visam minar a oposição. “Infelizmente nós temos dentro PL pessoas que votam com o governo e isso causa desconforto entre nós”, destacou.

Sobre o imbróglio acerca da cooperação do Ministério da Justiça com os trabalhos da CPMI, Feliciano atribuiu aos parlamentares que formam a base de Lula uma blindagem ao ministro Flávio Dino.

“De todos os estados, o Maranhão tem maioria na CPMI. São seis parlamentares. Eles fazem uma blindagem ao ministro Flávio Dino. Temos requerimentos para que ele venha aqui depor. Se não tem o que se esconder, por quê não se aprova todos os requerimentos? Quem não deve, não teme, mas tem alguém temendo”, arrematou.

Veja a íntegra da entrevista:

DP: Antes o senhor protagonizava manchetes e repercussões negativas, aparentemente, agora, se tornou um alvo entre os parlamentares. O que mudou na dinâmica da sua interação com a imprensa e os seus colegas de parlamento?

O que eu apanho dos meus colegas não faz nem cócegas perto do que eu apanhei da imprensa. Sofri num nível de ter que tirar uma filha do país. Eu apanhei em voos, apanhei nos corredores da Câmara. Sofremos ameaças em casa, na rua, na igreja. O que eu apanho dos meus colegas perto dessa situação, é um passeio.

DP: Acompanhamos seu desempenho na CCJC durante o início do ano. Encontramos ali um Marco Feliciano quieto, tranquilo, diferente desse que se vê na CPMI. Por quê?

Experiência. Quando você cria maturidade, primeiro você sonda o solo e seus inimigos. Percebe a força deles. Para entrar na guerra é preciso, antes, observar o cenário. Naquele momento, na CCJC, se precisava de alguém atento, para observar. Agora, na CPMI precisa-se de alguém que vá para cima.

 Não temos voto na CPMI. Como pode num instrumento da minoria, a minoria não conseguir convocar ninguém? Tá muito estranho. 

De todos os estados, o Maranhão tem maioria na CPMI. São seis. Eles fazem uma blindagem ao ministro Flávio Dino. Temos requerimentos para que ele venha aqui depor. Se não tem o que se esconder, por quer não se aprova todos os requerimentos? Quem não deve, não teme, mas tem alguém temendo.

 Já fui presidente de Comissão, sei que o presidente Arthur Maia não consegue, sozinho, aprovar requerimentos. Mas ele tem força. Porque ele vem com a benção do centrão para cá. Sei que o que o centrão quiser, acontece. A exemplo do que vem acontecendo na CPI do MST. Se alguém quiser, acontece”.

DP: O senhor se mostrou irritado durante reunião do PL que tratou da Reforma Tributária na sede do seu partido, o PL, reclamando de traições ao ex-presidente Bolsonaro. Como está o cenário em relação a lealdade dos parlamentares do partido ao bolsonarismo? 

Eu continuo leal e fiel ao presidente Bolsonaro, às minhas bandeiras ideológicas e à crença de que o PL é um partido de oposição. Infelizmente temos dentro do PL pessoas que votam com o governo. Isso causa um desconforto entre nós. Confesso que, por vezes, ficamos em dúvida se a gente segue o partido ou a orientação da oposição. Isso acaba criando uma confusão. 

Eu perguntei por esses dias em um grupo [de whatsapp] diante da queixa de alguns colegas: ‘O PL não é um partido de oposição?’ Se o PL é um partido de oposição eu não devo me constranger se um colega faz um banner para mostrar quem votou com o governo. 

Eu sou sincero. Não sei esconder as coisas. A maioria dos que vieram pelo PL, vieram a reboque dos votos do presidente Bolsonaro, vieram sob o pensamento de transformar o Brasil e aí de repente, depois de eleitos, a coisa muda de figura.

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