Marx avalia saída

Kassab pode esvaziar PSD de Alagoas na Câmara, alçando Rui ao governo

Novos planos do PSD para ex-prefeito de Maceió minam reeleição de Marx Beltrão à Câmara, pelo partido

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Ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira, ao chegar para reforçar PSD, e ser recepcionado pelo deputado Marx Beltrão em Alagoas. Foto: Divulgação

O ingresso do ex-prefeito de Maceió, Rui Palmeira, no PSD foi celebrado, em novembro de 2021, como uma aposta na ampliação da representação da sigla na bancada de Alagoas na Câmara dos Deputados. Porém, com a decisão de desistir de lançar o novo filiado à Câmara e de alçá-lo à disputa pelo cargo de governador de Alagoas, o presidente nacional do PSD Gilberto Kassab arrisca os planos do deputado federal Marx Beltrão de garantir sua reeleição com o potencial de votos do ex-prefeito da capital alagoana, que voltaria ao Congresso como 2º deputado eleito pelo PSD por Alagoas.

Tudo mudou neste início de 2022. Marx Beltrão ficou livre para avaliar deixar o PSD caso não veja chances de reeleição, ao ceder a Rui Palmeira seu posto na Presidência do PSD em Alagoas. O deputado que foi ministro do Turismo do governo de Michel Temer, pelo MDB, teve enfraquecido seu projeto de reeleição, pela ausência da ajuda dos votos do ex-prefeito, que, em suas análises, garantiriam a eleição de ambos.

Não há nada decidido e a eventual saída de Marx Beltrão do PSD rumo a uma chapa mais competitiva, neste momento, deixaria o partido de Kassab sem um nome competitivo para contribuir com os planos da sigla de ampliar sua representação no Congresso Nacional, para ter força política de participar do governo do futuro presidente da República, seja ele quem for.

A decisão de Marx depende do que dirão as pesquisas de consumo interno, que costumam moldar as melhores estratégias eleitorais. Uma hipótese, é o retorno de Marx ao MDB, caminho mais lógico pela sua proximidade com os Calheiros.

Mas toda esta movimentação passa pela conquista ou não de novos nomes competitivos para ocupar o vácuo de Rui na chapa do PSD para a Câmara Federal. Por isso, o partido, agora presidido por Rui Palmeira no estado, também deve buscar novos filiados competitivos, para evitar a saída de Marx Beltrão, que ampliou vertiginosamente seu poder eleitoral para muito além de seu reduto no Litoral Sul de Alagoas, desde que se tornou ministro do governo Temer. Sob o risco de Marx levar consigo parte considerável dos filiados que conquistou para a sigla de Kassab.

Política, conflitos e amizade

A aposta de Kassab no nome de Rui Palmeira para governar Alagoas também é fruto da relação estreita que ambos mantém há anos, fruto da amizade do presidente do PSD com o pai do ex-prefeito de Maceió, o ex-senador e ex-governador Guilherme Palmeira, que o ajudou o ex-prefeito de São Paulo, em seus conflitos partidários desde os tempos de PFL e DEM.

Se mantiver sua mesma postura das principais eleições de que participou quando era prefeito por dois mandatos de Maceió, Rui Palmeira tende a rivalizar com o MDB dos Calheiros, apesar de seu apoio conjunto ao último candidato do governador Renan Filho à Prefeitura de Maceió: o atual secretário de segurança pública de Alagoas, Alfredo Gaspar (MDB), que perdeu no primeiro turno em 2020.

Outro rival de Rui Palmeira é o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o “JHC” (PSB), que apoia o senador tucano Rodrigo Cunha ao governo de Alagoas. Cunha foi pivô da saída de Rui Palmeira do PSDB, em 2020, e tem como suplente a mãe do prefeito JHC, Eudócia Caldas. Por isso, o embate entre Rui Palmeira e Rodrigo Cunha pode render uma briga competitiva

O partido comandado por Kassab tem mais de 400 mil filiados no Brasil. E, além dos dois nomes para a Câmara dos Deputados, planejava eleger três parlamentares para a Assembleia Legislativa de Alagoas, nas próximas eleições de outubro.

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