Alagoas

Juiz veta reabertura de hospital em plena campanha para prefeito

Prefeito foi proibido de falar em hospital interditado no Pilar

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A 8ª Zona Eleitoral proibiu que o candidato a reeleição à Prefeitura de Pilar, Carlos Alberto Moreira Canuto (PMDB) reabrisse o Hospital Nossa Senhora de Lourdes antes do dia 3 de outubro, como forma de impedir que o ato considerado pelo Ministério Público Eleitoral como de abuso de poder influencie no resultado das eleições do próximo domingo (2).

O juiz eleitoral Sandro Augusto acatou o pedido do promotor eleitoral Jorge Dória e também determinou que o prefeito afilhado do presidente do Senado Renan Calheiros utilize a promessa de abertura da unidade de saúde na propaganda eleitoral.

O descumprimento da medida decidida em liminar tem como pena prevista o pagamento de uma multa de R$ 25 mil e responsabilização penal por crimes de desobediência.

Na tarde desta quinta-feira (29), já após a decisão, o prefeito replicou em seu perfil do Facebook um álbum de fotos do hospital com uma mensagem em que seu apoiador Nailson Santana lamenta o impedimento da reabertura da unidade de saúde. 

Quadro caótico

O hospital beneficente se encontra interditado pelo Ministério Público do Trabalho e pela Vigilância Sanitária. Mas tem sido alvo de propaganda considerada abusiva pelo Ministério Público Eleitoral, por parte do candidato à reeleição, em comícios e mensagens publicitárias.

A unidade de saúde é uma entidade filantrópica, gerida por uma irmandade, que passa por uma crise financeira e estrutural.

O promotor da 8ª Zona Eleitoral relatou, por meio da Comunicação do MP, que o hospital está com mais de 20 folhas de pagamentos atrasadas, sem médicos e com as contas bloqueadas pela Justiça do Trabalho.

“Esse caos levou a administração do hospital a comunicar, recentemente, ao Ministério Público que não há a menor condição do prédio ser reaberto e entrar em funcionamento, ao menos neste momento”, explicou o promotor eleitoral.

Jorge Dória denunciou que, com o objetivo de ampliar o uso promocional da imagem de “bom candidato”, o prefeito Carlos Alberto Canuto chegou a mandar fazer reparos no prédio do hospital, à custa do erário do Município de Pilar.

“Não é preciso dizer, que diante da carência e da inocência do pacato eleitor do interior, o gesto do referido candidato, de anunciar a reabertura de um hospital, próximo ao dia das eleições, mesmo que de forma simbólica, angariaria, por certo, a simpatia e talvez o voto de muitos, desequilibrando, de modo injusto, o processo eleitoral, frente aos demais candidatos, já que estes não teriam essa mesma oportunidade”, justificou o promotor.

O prefeito Carlos Alberto Canuto disse por meio de sua assessoria que cumprirá a decisão, mas não concorda com a medida judicial.

Pilar é um dos municípios mais violentos de Alagoas e receberá reforço do Exército na segurança das eleições do próximo domingo (2).

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