Meio Ambiente

Jardim Botânico de Brasília investe no desenvolvimento de orquídeas raras

Orquídeas ficam um ano no laboratório, mas as espécies mais raras podem permanecer até três anos

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O Jardim Botânico de Brasília é frequentado por famílias em busca de sossego e contato com a natureza - Fotos: Lucio Bernardo Jr/Agência Brasília.

É em uma antiga residência funcional adaptada que espécies ameaçadas de extinção estão sendo reproduzidas no Jardim Botânico de Brasília (JBB) desde a década de 1990, mas o improviso nesse único espaço vai ficar para trás.

Está em andamento uma licitação para reforma e ampliação do local, com recursos estimados em R$ 397 mil.

Isso vai tornar o ambiente mais adequado, criar melhores condições para o trabalho de preservação e aumentar o número de mudas para 50 mil ao ano – 60% a mais do que a produção atual, de 30 mil.

Hoje, o foco do laboratório é a reprodução in vitro de orquídeas. São trabalhadas cinco espécies – duas em extinção e três híbridas –  em dois mil frascos, nos quais se produzem cerca de 15 mil mudas semestralmente.

Orquídea rara no Jardim Botânico de Brasilia.

“Há várias espécies de orquídeas ameaçadas de extinção na lista do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], e [elas são] de difícil de reprodução”, explica a superintendente do JBB, Lilian Breda. “O que fazemos é ajudar a resgatar espécies”.

Hoje, as culturas delicadas estão expostas a umidade, mofo, infiltração, forro de amianto e insetos. Mas isso está mudando. “Estamos investindo em reforma porque essa casa foi adaptada a um laboratório, mas precisa ter toda uma condição de assepsia e esterilização”, explica Lilian, que é engenheira florestal. “Vamos sair de um laboratório adaptado para um adequado”.

A verba para viabilizar o projeto da reforma do laboratório de reprodução in vitro vem de emenda parlamentar destinada pelo presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Rafael Prudente. A licitação, do tipo tomada de preços, está na fase de recursos, que antecede a homologação do resultado.

Como funciona

O trabalho é minucioso e exige cuidados específicos para cada espécie, explica o gerente do laboratório, Jorge Pinheiro. Ele cuida pessoalmente de todo o processo, que envolve coleta, desinfecção, regeneração – quando os calos são transferidos para um meio de cultura –, multiplicação e repicagem – fase em que as mudas são selecionadas e transferidas para um novo recipiente – e aclimatização, que é quando as plantas são retiradas da sala de cultura e levadas para uma estufa.

Após um ano no laboratório, as orquídeas vão para a estufa

As orquídeas ficam por volta de um ano no laboratório. As espécies mais raras podem permanecer por mais tempo, em torno de três anos, até alcançarem o tamanho de 12 a 15 centímetros, quando estarão prontas para a estufa. Lá, elas passam por um período de adaptação até ficarem fortes o bastante para serem colocadas na natureza. São amarradas em um tronco e, num espaço de 15 dias a um mês, se fixam a árvores, podendo também ficar em pedaços de cerâmica para se adaptarem aos vasos.

“O Jardim Botânico é um museu de exposição de plantas vivas”, destaca Jorge. “Nossa função é preservar e conservar o bioma Cerrado, então damos uma mão para a natureza. A atual gestão tem um olhar especial para cá.”

Cada orquídea tem seu período específico de floração. Depende de fatores como iluminação, umidade e temperatura. As espécies comerciais, encontradas em mercados, são exceção: ficam três meses abertas e podem florescer até três vezes por ano. Já as nativas do Cerrado têm peculiaridades. Há espécies que apresentam uma floração a cada três anos ou anual –  é o caso da conhecida como sapatinho, que atualmente exibe suas folhas roxas no orquidário do JBB.

Investimento em melhorias

Além da reforma que está por vir, o Jardim Botânico de Brasília tem novidades: asfalto novo com quebra-molas, praça repaginada na entrada, banheiros reformados no centro de visitantes, mirante de contemplação melhorado, fraldário construído. A lista de melhorias na área de cinco mil hectares é grande.

No início deste ano, foram entregues intervenções que somam verba de aproximadamente R$ 700 mil referente a execução de emendas parlamentares dos distritais Arlete Sampaio, Reginaldo Sardinha e Rafael Prudente. Os recursos se destinam à nova loja de presentes, à instalação de postos policiais desativados que vão virar quiosques e a um novo restaurante com mais de cem lugares. (Agência Brasília)

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