'Mamadeira da Odebrecht'

Irmão de Eduardo Campos quer expor à PGR e Lava Jato ‘lado obscuro’ da família

Xingado pelo sobrinho, Antônio Campos prometeu petições sobre filho e viúva de Eduardo Campos

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Xingado em audiência da Câmara pelo próprio sobrinho e deputado federal João Campos (PSB-PE), o advogado Antônio Campos reagiu ontem (12), afirmando que o filho do falecido ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), foi nutrido “na mamadeira da empresa Odebrecht, entre outras”. E anunciou que o “lado obscuro” da viúva Renata Campos e do jovem deputado ao conhecimento da Procuradoria Geral da República (PGE), da Polícia Federal e da Operação Lava Jato.

Presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), ligada ao Ministério da Educação, Antônio Campos não admitiu ter sido alvo do xingamento gratuito do sobrinho, que o chamou de “sujeito pior” que o ministro Abraham Weintraub, durante reunião da Comissão de Educação da Câmara, na quarta-feira (11).

“O jovem deputado foi nutrido na mamadeira da empresa Odebrecht, entre outras, estando com os bens patrimoniais dos quais é herdeiro bloqueados. Pernambuco precisa conhecer o lado obscuro de Renata Campos e seu filho”, escreveu Antônio Campos, em nota divulgada ontem à imprensa, na qual comunicou a exposição dos fatos às autoridades.

Por iniciar a baixaria que pode levar à Justiça os segredos da família Campos, o jovem deputado pré-candidato a prefeito do Recife (PE) levou um puxão de orelhas público de sua avó, Ana Arraes. A ministra e atual vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) se sentiu desrespeitada, e por meio do Blog de Jamildo mandou um duro recado para o neto, em defesa do filho a quem chama de Tonca.

“Não admito grosseria. Você está desrespeitando sua avó. Você está dividindo a família sem razão. Antonio Campos é muito inteligente e trabalhador. Liderança se consegue construindo. O desrespeito fica para quem não tem argumentos. Eu não vou admitir agressões sua contra Tonca. Ele nunca lhe agrediu”, disse Ana Arraes.

‘Sujeito pior’

A confusão iniciou na reunião da Câmara convocada para tratar das acusações do ministro da Educação contra universidades públicas. Na ocasião, o ministro citou Antônio Campos como colaborador do MEC, quando foi provocado por João Campos a explicar o motivo de não ter entregue o planejamento estratégico do MEC, enquanto afirma ser um bom gestor.

“Eu nem relação eu tenho com ele. Ele é um sujeito pior que você”, reagiu João Campos, sobre o tio que comanda a fundação pública subordinada ao MEC.

Antônio Campos defendeu Weintraub por demonstrar, pela educação pública, firmeza de propósitos e coragem contra interesses menores, corporativistas e patrimonialistas. E sugeriu que o sobrinho deveria estar cobrando da Prefeitura do Recife mais rigor na contratação da merenda e dos kits escolares. “Fazer primeiro o dever de casa em sua terra”, aconselhou.

Campos e a Lava Jato

Há um ano, a Força-tarefa da Lava Jato incluiu em uma ação de improbidade administrativa o espólio de Eduardo Campos, que morreu em campanha presidencial em agosto de 2014. O ex-governador pernambucano e o atual líder do governo no Senado Fernando Bezerra (PSB-PE) foram apontados como beneficiários de propinas das construtoras Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa, referentes a contratos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O Ministério Público Federal (MPF) expôs ainda que o avião que sofreu o acidente no qual o ex-governador pernambucano morreu foi comprado “pelo menos em grande medida com dinheiro de propina”.

As investigações relatam que o jato Cessna Citation, 560 XLS, prefixo PR-AFA, foi comprado por R$ 1,71 milhão pelo empresário João Lyra, que seria um operador de Campos no recebimento de propinas pelo ex-governador, pai de João Campos. (Com informações do Blog de Jamildo e do Blog de Magno Martins)

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