Hotel abandonado é isolado para evitar novas invasões
Além da construção de muro, janelas e portas serão isoladas
Após a desocupação neste domingo (5) do antigo Hotel Torre Palace, na região central de Brasília, o Governo do DF começou o trabalho de isolamento da estrutura. Muros de concreto são erguidos para evitar novas invasões. A ocupação começou há cerca de oito meses por manifestantes que queriam continuar a receber do governo o auxílio-aluguel. O benefício, no entanto, já havia chegado ao fim. O local também servia de abrigo a moradores de rua e usuários de drogas.
A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social começou o trabalho, que será concluído por presos em processo de reeducação e inserção social, da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do DF. As janelas e portas também serão lacradas. Somente o andar térreo e o primeiro pavimento serão isolados. O GDF garantirá ainda a segurança diária pela Polícia Militar nesse primeiro momento. Os proprietários do hotel terão de arcar com a segurança em seguida.
A operação para a retirada dos ocupantes gerou um alto custo, que será calculado e cobrado dos herdeiros do hotel. A partilha do prédio é discutida na Justiça.
Invasores
Os 13 adultos presos na desocupação têm ligação com o Movimento de Resistência Popular, dissidência do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, segundo a Polícia Civil do DF. As informações foram divulgadas em entrevista coletiva no fim da tarde, na sede da Subsecretaria de Integração de Operações de Segurança Pública. A pasta da Segurança Pública e da Paz Social, juntamente com todos os órgãos envolvidos, explicou a operação de desocupação do hotel iniciada na quarta-feira (1º).
Todos os detidos permanecem no Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil do DF. Para a corporação, a atuação dos envolvidos se assemelha a de uma organização criminosa. “Temos em nosso inquérito informações suficientes para embasar a denúncia e consequente condenação desses elementos”, destacou o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba.
Os invasores se enquadram em crimes relacionados à organização criminosa, à tortura (contra as quatro crianças), à desobediência, à resistência, ao dano aos patrimônios público e privado e ao dano por motivo egoístico, segundo a PCDF. Considerado líder do movimento, Edson Francisco da Silva, ainda poderá ser enquadrado por tentativa de homicídio, pelo episódio de ataque a um helicóptero da PMDF com pedras e morteiros.
“O fundamental para o sucesso dessa ação foi a integração entre os entes públicos”, enfatizou a secretária da Segurança Pública, Márcia de Alencar. Ela falou ainda sobre as atitudes do grupo invasor. “Nós não queremos criminalizar movimentos sociais. Nosso objetivo é identificar pessoas que agem de maneira criminosa dizendo que são ligadas a movimentos legitimamente atuantes”. As forças de segurança repudiaram, em especial, a não liberação das crianças diante dos riscos que apresentam a estrutura do prédio.
Crianças
As quatro crianças – uma de 3 meses, outra de 3 anos e duas irmãs de 7 e 10 anos – foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros assim que deixaram o prédio. Em seguida, passaram pelo Hospital Materno-Infantil de Brasília. No início da tarde, seguiram para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente da Polícia Civil, onde foram ouvidas e passaram por exames no Instituto Médico Legal. Somente a mais nova tinha escoriações na pele, mas todas apresentavam bom estado geral de saúde.
Ainda no domingo (5), elas foram encaminhadas para a Vara da Infância e da Juventude do DF, que acionou parentes para ficarem com a guarda das crianças. A de 3 anos se juntou a familiares no entorno do DF, em Planaltina de Goiás. As outras três estão com parentes em Brasília. (Com informação Agência Brasília)