Escola mais Segura

Governo de SP fará projeto-piloto com policial da reserva dentro de escola

Programa também prevê medidas disciplinares para alunos envolvidos em violência e vandalismo

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Tiroteio na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, a 57 quilômetros de São Paulo, deixou mortos e feridos. Foto: Rovena Rosa/ABr

O governador de São Paulo, João Doria, vai lançar um projeto-piloto com policiais da reserva dentro de uma escola estadual, para difundir a presença dos agentes na rede. Também vai propor um Projeto de Lei com medidas disciplinares para responsabilizar alunos envolvidos em casos de violência e de vandalismo.

A gestão tucana quer contratar ainda 622 policiais de folga para reforçar a segurança de 216 colégios com altas taxas de vulnerabilidade no estado. Além disso, a polícia passará a monitorar o sistema de câmeras das unidades.

O pacote de medidas faz parte do programa Escola mais Segura. O investimento será de R$ 59 milhões por ano.

No fim de maio, o governador pediu mais rigor na punição dos alunos que arremessaram livros e carteiras em uma professora de uma escola em Carapicuíba e propôs que pais pagassem por mesas e carteiras danificadas ou que autorizassem os filhos a fazerem algum trabalho na própria escola.

Doria e Rossieli também haviam anunciado que revisariam os procedimentos de segurança nos 5.400 colégios estaduais após o ataque a tiros que deixou 8 mortos e 11 feridos, entre alunos e professores, no dia 13 de março na escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. ​

A ideia agora é mirar apenas nas unidades que têm histórico de violência. Para isso, o programa terá quatro frentes de atuação.

O primeiro diz respeito ao policiamento. A gestão tucana pretende reforçar as já existentes rondas escolares, com novas viaturas e cerca de 190 policiais a mais por dia. Outra iniciativa é contratar até 432 policiais da ativa, mas de folga, para fazer patrulhamento a pé em duplas no entorno de até três escolas.

Os agentes serão pagos via Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (Dejem) e a adesão é voluntária. A pasta da Educação espera firmar acordo com a secretaria de Segurança até início de agosto para que em seguida haja a abertura de vagas.

Também foi criado o Gabinete Integrado de Segurança Escolar, com oficiais da PM designados para planejar a segurança da rede.

O projeto prevê ainda integrar todas as câmeras das unidades de ensino ao sistema da secretaria de Educação — hoje, apenas 1.500 escolas podem ser observadas pela pasta. Parte das escolas também não tem videomonitoramento.

Na segunda frente, a gestão Doria vai criar um Regimento Comum Escolar a ser seguido por todas as escolas estaduais. O dispositivo vai definir, por exemplo, se as escolas devem manter os portões abertos ou fechados. Hoje, cada colégio define suas regras e as normas emitidas pela secretaria servem só como diretriz — ou seja, as unidades não são obrigadas a seguir.

A discussão sobre o acesso pipocou após a tragédia em Suzano. A entrada dos dois ex-alunos da Raul Brasil, que abriram fogo no pátio, foi facilitada porque o portão estava aberto. Por lá, agora há um portão eletrônico com interfone e câmera. A decisão veio depois de pedidos dos pais.

A terceira frente é a de “melhoria do clima escolar”. Para isso, a secretaria diz que irá alocar 57 psicólogos e 28 assistentes sociais nas diretorias regionais de ensino. Eles vão monitorar o comportamento dos alunos e dar feedback. Também vão auxiliar professores a identificar casos de bullying, por exemplo.

“A ideia é ajudar na formação das equipes das escolas, ensiná-los a trabalhar as habilidades socioemocionais e de mediação de conflitos”, afirma Rossieli.

Por fim, a responsabilização. A secretaria propõe mais rigidez em casos de depredação e violência contra professores, sem dar detalhes do que estará no Projeto de Lei, que deve ser enviado à Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de SP) em 60 dias.

Sobre a presença dos agentes da reserva dentro dos colégios, a pasta não divulgou qual será a escola pioneira nem uma data de início do projeto-piloto. Mas vai apresentar, também num prazo de 60 dias, um estudo com a viabilidade de alocar os reservistas em todas as unidades de ensino.

A atuação não será obrigatória, segundo a secretaria, que nega que os policiais poderão estar armados. Rossieli diz que os agentes vão atuar na mediação de conflitos.  (Com informações da FolhaPress)

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