Máfia da merenda

Governo Alckmin repassou R$ 384 mil para a Coaf

Carro-chefe da máfia fechou contrato de R$ 1,2 mi com governo

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Apontada pelo Ministério Público de São Paulo como carro-chefe do esquema de fraudes na venda de produtos para merenda escolar investigado pela Operação Alba Branca, a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) fechou com o governo paulista um contrato de R$ 1,2 milhão para a aquisição de caminhões e construção de uma ‘packing house’ – unidade de processamento de olerícolas e frutas -, na margem da rodovia Armando Salles de Oliveira, próximo do assentamento Reage Brasil, em Bebedouro, região de Ribeirão Preto.

O governo se comprometeu a pagar R$ 800 mil e a cooperativa R$ 400 mil. A obra deveria ser feita em um terreno de 10 mil metros quadrados que foi doado à Coaf em 2013 pela prefeitura de Bebedouro. A estrutura metálica chegou a ser montada e a cobertura adquirida, mas não instalada.

A prefeitura de Bebedouro informou que pretende pedir a devolução da área municipal doada à Coaf. “Como o objetivo da doação não foi alcançado, vamos pedir à Câmara que o terreno retorne ao município”, disse o diretor de Desenvolvimento Econômico, Lucas Seren. Segundo ele, também há indícios de que o dinheiro público liberado para a obra foi desviado. “Também vamos pedir que haja uma apuração.”

A obra faz parte do projeto Microbacias II, do Governo do Estado, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. A assessoria da Secretaria de Agricultura do Estado, informa que o repasse à Coaf foi suspenso até que a apuração interna aberta após as primeiras denúncias contra a cooperativa sejam concluídas.

Do total previsto de R$ 800mil, a Secretaria de Agricultura repassou à Coaf 49% do valor – R$ 384 mil. Ainda segundo a assessoria do governo, não há previsão para a conclusão da obra. Apontado pela Operação Alba Branca como suposto chefe da “máfia da merenda”, o executivo Cássio Chebabi, presidente da Coaf, decidiu colaborar com a Justiça depois de ter a prisão preventiva decretada.

Em depoimento, ele apontou aos investigadores da Operação Alba Branca os nomes do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e do secretário estadual de Logística e de Transportes Duarte Nogueira, como supostos beneficiários de uma propina de 10% sobre contratos da Secretaria de Estado da Educação no governo Geraldo Alckmin (PSDB). Ambos negam veementemente as acusações. (AE)

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