INVISIBILIDADE

Escritora debate negro em histórias infanto-juvenis, na Bienal de Alagoas

Literatura retrata negro como bestial, servil e marginal

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Dentro da extensa programação da 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, a escritora Sônia Rosa, autora de 43 títulos publicados, esteve presente no espaço Sesc, nesta terça-feira (3), no Centro de Convenções de Maceió, discutindo a representação de personagens negros em histórias infanto-juvenis na palestra Marcas de Africanidade na Literatura Infanto-juvenil Brasileira.

A autora levantou o questionamento sobre a invisibilidade da cultura negra, e como ela foi propositalmente apagada do meio cultural brasileiro. A barreira linguística dos diversos povos trazidos ao Brasil que é derrubada para a articulação do povo negro, foi exaltada por Sônia, que mostrou que “o mito da inferioridade cultural dos afrodescendentes não passava de uma mentira daqueles usavam o racismo como censura”.

Com 43 títulos, Sônia Rosa conduziu debate (Foto: Cairo Martins)A falta de experiência com a língua dominante, e o esquecimento da memória ancestral devido a falta de documentos escritos, foi lembrada com tristeza pela autora ao relembrar uma pesquisa que foi feita por ela sobre o primeiro negro a chegar no Brasil. “Ficou um disse não disse, e sempre alguém tinha ouvido falar e lembrava vagamente, porém nada era sólido”.

Ao dividir seus “incômodos históricos”, Sônia ainda falou sobre o mito da ideologia racial, de que todos fazem parte de uma mesma raça brasileira, quando socialmente ainda há segregação. Sônia então puxa o link para como as representações negras em histórias infanto juvenil colaboram para a manutenção da segregação do povo negro.

A autora entra então na representação de personagens negros antes da lei 10.639/03, que eram “construídos de forma bestial, servil, marginal, sem vida própria e sem história a ser contada, apenas indivíduos no plano de fundo”, e a mudança dessa representação a partir da publicação da lei.

Além da palestra, Sonia Rosa também ministrou um grupo de trabalho onde trabalhou com os presentes as maneiras de identificar os traços de africanidade em narrativas, utilizando seus próprios livros, além de contar algumas de suas histórias e falar de seu livro identitário Palmas e Vaias. Os livros de Sonia Rosa podem ser encontrados no estande da Edufal, durante toda Bienal do Livro.

Com programação que prossegue até o próximo domingo (8), a bienal apresenta 133 estandes com lançamentos, dinâmicas, apresentações de trabalhos e encenações de algumas obras, além de mais de 80 atividades, entre oficinas, palestras, bate-papo e espetáculos artísticos. (Com informações da assessoria da Bienal e texto de Sara Graziele, estudante de Jornalismo)

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