Em Alagoas, restrições reduzem em 30% casos de covid-19, mas mortes ainda crescem 13%
Observatório da Ufal contra Covid-19 avalia efeitos positivos, mas diz que risco de colapso permanece
As regras do decreto estadual com restrições sanitárias para a fase vermelha em Alagoas resultaram em uma queda de 30% na incidência de casos de covid-19 entre alagoanos, na última semana epidemiológica, a 12ª. Mesmo positivo, o feito não resultou em redução de mortes, que continuaram avançando, com incremento de 13% em Alagoas, como reflexo das altas de contaminações registradas nas semanas anteriores. Os dados são do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, cujo boletim foi publicado nesta segunda-feira (29), pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
O levantamento também registrou indícios de estabilização da ocupação de leitos para pacientes com covid-19, apesar de a taxa de ocupação de UTIs seguir próxima aos 90%. Segundo a avaliação, esta tendência de desaceleração foi o que garantiu a oferta constante de leitos para pacientes graves em Alagoas, ao longo da 12ª semana epidemiológica. A taxa de ocupação, no último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde de Alagoas, nesse domingo (28) estava em 86%, sendo 88% em Maceió e 85% no interior de Alagoas.
“No entanto, apesar da desaceleração observada nessa última semana ressaltamos que a atual situação ainda é crítica com relação à ocupação hospitalar, em especial dos leitos de UTI, dedicados à pacientes em estágio grave da covid-19. Dos oito municípios do interior do estado que contam com leitos deste tipo, cinco estavam com ocupação igual ou superior à 80%”, diz um trecho do boletim do Observatório da Ufal, que recomenda estratégias de regulação intermunicipal de pacientes sejam priorizadas e intensificadas pelo poder público.
Dos 151 óbitos por covid-19 notificados na última semana em Alagoas, metade deles foram registradas em Maceió.
Há dez dias, por ordem de decreto do governador Renan Filho (MDB), Alagoas iniciou o cumprimento de regras mais rígidas contra o avanço da pandemia, com toque de recolher de 21h às 5h; bares e restaurantes fechados; restrições ao acesso a praias rios e orlas; redução de horário de funcionamento no comércio, que fecha de sábado a segunda, enquanto shoppings fecham aos sábados, domingos e terças-feiras, entre outras medidas.
Riscos de colapso
O Observatório ressalta que o atual cenário epidemiológico de Alagoas ainda é “extremamente crítico, com riscos reais de saturamento da rede de saúde alagoana”, caso não se alcance o controle da transmissão do novo coronavírus no estado, através do cumprimento das medidas de controle prevista no decreto estadual em vigor, e da vacinação, ainda bem abaixo das estimativas necessárias para alcançar a imunidade coletiva.
O relatório ainda cita a perspectiva de haver colapso, como observado em outras regiões brasileiras que vêm registrando filas para leitos de UTI que têm causado óbitos ‘evitáveis’. Além de alertar que estudos recentes têm indicado que a mortalidade entre pacientes que precisam de intubação tem aumentado nos últimos meses, tendo a média nacional ultrapassado 80%.
“Caso as atuais medidas não sejam suficientes para conter o avanço da pandemia em Alagoas, causando o aumento de óbitos e pressionando ainda mais o sistema de saúde, acreditamos que o poder público adotará novas estratégias para evitar o colapso no estado. Para tanto, é imprescindível a participação de cada cidadão e cidadã alagoana, seja no respeito das regras de isolamento ou no uso da máscara, higienização das mãos e distanciamento quando estiver em locais públicos”, concluiu o relatório do Observatório da Ufal.