Campos Neto e Galípolo participam de última coletiva
Principal tema foi a alta histórica do dólar, que chegou R$6,30 esta manhã
O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o seu sucessor, Gabriel Galípolo, realizaram na manhã desta quinta-feira (19) a última coletiva antes da troca de comando da autarquia monetária.
Campos Neto entra de recesso nesta sexta-feira (20) e Galípolo assume interinamente até ser efetivado em 1° janeiro de 2025.
A coletiva que tinha o intuito de apresentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) contou também com um clima de “passagem de bastão”.
“Eu queria refletir um pouco sobre os meus tempos, dado que essa é a minha última fala, porque eu não tenho mais entrevista: Eu sempre disse, desde o começo, que não acreditava em recondução. Eu também sempre disse que ficaria até o fim do mandato, independente de qualquer tipo de pressão. Sempre disse que colocaria a institucionalidade do Banco Central acima de interesses pessoais e políticos”. comentou Campos Neto.
Gabriel Galípolo enalteceu o trabalho de Campos Neto à frente do BC. “Roberto, a casa é sua, sempre estaremos de portas abertas para você. Sou muito grato por tudo que fez pela política monetária, pela casa e por todos nós”.
O tema mais em voga da entrevista foi o dólar que apresentou altas históricas nas últimas semanas e chagou a ser cotado a R$ 6,30 na manhã de hoje.
Campos Neto defendeu o mercado financeiro em relação às criticas sobre movimentos especulativos.
“Eu não gosto da palavra ‘especulador’. O mercado é um conjunto de preços que tenta refletir opiniões não só de investidores financeiros, mas de investidores do ‘mundo real’”.
“O mercado não é a Faria Lima. Uma empresa que faz exportação, importação; uma empresa que está comprando um terreno, comprando uma máquina, também tem preocupação com juros e câmbio.”
O presidente ressaltou também que o Banco Central não busca chegar a um nível de preço e que a instituição irá atuar quando necessário. “O BC não tem intenção de chegar a nenhum nível de (preço de) câmbio. Vamos continuar monitorando o fluxo de dólares e vamos atuar se for preciso. Não tem como dizer o que vamos fazer no futuro”.
Ainda sobre os movimentos especulativos, Galípolo disse que o presidente Lula (PT) concorda que não há um ataque coordenado.
“Não é correto tratar o mercado como uma coisa só; ataque especulativo não representa bem o que acontece hoje. O presidente da República concorda com meu ponto de vista”.