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Judiciário torrou R$819 milhões de cofres públicos com ‘penduricalhos’

Tribunais turbinaram contracheques de 8.736 mil juízes, desembargadores e ministros com ganhos extras

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O levantamento foi feito a partir do painel de remuneração dos tribunais. (Foto: Pixabay).

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) autorizou em outubro do ano passado, a conversão dos dias de folga da chamada licença-compensatória em dinheiro depositado na conta dos magistrados.

Essa medida resultou em um custo de R$ 819 milhões aos cofres públicos entre julho de 2023 e outubro deste ano.

Durante esse período, 35 tribunais criaram rubricas que turbinaram os contracheques de 8.736 mil juízes, desembargadores e ministros com ganhos extras, em média, de R$ 12,4 mil por mês.

Além disso, 4,2 mil magistrados já acumularam mais de R$ 100 mil recebidos de licença-compensatória.

Os dados são do relatório da Transparência Brasil no qual o Estadão teve acesso. O levantamento agrega, sistematiza e disponibiliza R$ 144 bilhões em contracheques do Judiciário e Ministério Público.

O CNJ justificou a medida, afirmando que “apenas reconheceu o que a Constituição Federal já prevê”.

Já o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) esclareceu que o pagamento está respaldado por decisões do Supremo Tribunal Federal e do CNJ.

O relatório da Transparência Brasil alerta que o Projeto de Lei dos Supersalários, atualmente em tramitação no Senado, pode “legalizar o aumento de até um terço nos contracheques dos membros do sistema de Justiça”, em vez de solucionar o problema.

A proposta permite que 32 verbas indenizatórias (“penduricalhos”) continuem sendo recebidas pelos agentes públicos sem incidência do teto constitucional e inviabiliza a economia projetada de R$ 3 a R$ 4 bilhões, além de comprometer futuras reformas administrativas.

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