Chefe da Abin diz que sistema estava ‘caótico’ em 8 de janeiro
Luiz Fernando Corrêa citou uma investigação a G.Dias sobre possíveis alertas enviados pela Abin ao então ministro do GSI

O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, descreveu o sistema de inteligência como “caótico” durante os atos de vandalismo às sedes dos Três Poderes, em Brasília no dia 8 de janeiro.
Questionado sobre as falhas da Abin em 8 de janeiro, em entrevista ao jornal O Globo, Corrêa respondeu que o sistema estava caótico e não funcionava adequadamente, e questionou se a responsabilidade total deveria ser atribuída à Abin, sendo ela o órgão central.
O diretor-geral da Abin atribuiu a situação caótica à “negligência dos governos anteriores em relação à atividade de inteligência”.
Corrêa afirmou que todos os governos após a redemocratização não trataram adequadamente a atividade de inteligência. No entanto, esclareceu que não estava se referindo especificamente à Abin.
Em relação ao comentário do presidente Lula (PT) de que nenhuma inteligência o alertou sobre o risco dos atos, Luiz Fernando concordou que a inteligência sistêmica não funcionou. Ele afirmou que se o presidente acha que não foi avisado, deve ter suas razões.
Corrêa também comentou sobre os alertas enviados pela Abin sobre o risco de atos às vésperas do 8 de janeiro, que podem ter sido repassados ao então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Luiz afirmou que não estava no governo na época e que isso está sendo investigado.
Sobre o monitoramento de movimentos extremistas pela Abin após as invasões aos prédios dos três Poderes, Corrêa disse que estão tentando estudar esse fenômeno em todos os seus aspectos para auxiliar quem conduz políticas públicas. O diretor-geral da Abin ressaltou que “o extremismo não é compatível com a democracia”.
Corrêa falou ainda sobre as investigações envolvendo militares supostamente envolvidos em uma “trama golpista após as eleições”, e afirmou que a polícia não escolhe clientes e que os fatos determinam quem são os investigados.
Luiz Fernando também mencionou uma investigação em andamento sobre o uso de um programa pela Abin para monitorar a localização de celulares.