Superfaturamento

Doria diz não temer investigação da PF sobre compra de respiradores

'Nós temos todo interesse que o caso seja investigado a fundo', disse o governador de São Paulo

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Foto: Márcio Ferreira/Agência Alagoas

Após a Operação Dragão da Polícia Federal na terça-feira, 22, quer fez buscas contra empresários e representantes comerciais que intermediaram transações possivelmente superfaturadas na venda de ventiladores pulmonares para o Estado de São Paulo durante a pandemia, o governador João Doria (PSDB), disse que o governo “não teme nenhum tipo de investigação”. “Esse é um governo transparente, é um governo honesto. Nós temos todo interesse que o caso seja investigado a fundo”, afirmou.

As investigações que deram origem aos mandados apontam que São Paulo adquiriu, em abril de 2020, 1.280 ventiladores pulmonares pelo valor de R$ 242.247.500. A compra foi realizada por dispensa de licitação com a empresa Hichens Harrison.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a investigação encontrou indícios de direcionamento do contrato, superfaturamento de R$ 63 milhões no preço dos aparelhos e lavagem de dinheiro.

Peritos criminais federais realizaram análise do processo e fizeram a comparação com outras contratações efetivadas pelo Brasil e identificaram o sobrepreço. Uma análise de técnicos do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo também apontaram que os preços estavam incompatíveis com os de mercado.

Além da fraude no na aquisição dos equipamentos, os indícios também sugerem a ocorrência de lavagem de dinheiro por meio de tipologia, que é a prática de quando a empresa intermediária, que recebe os valores do governo contratante, envia uma parcela para pagamento de vantagens indevidas e outra parcela para pagamento do fornecedor do produto.

O inquérito gira em torno dos motivos que levaram o governo paulista a escolher a empresa Hichens Harrison para intermediar a importação dos aparelhos e do preço pago pelos equipamentos. De acordo com o secretário, a seleção se deu por “preços, logística e quantitativo” disponíveis.

“Era aquilo que era possível para salvar vidas. Graças a isso, nosso sistema de saúde não colapsou. Em nenhum momento, nós tivemos pessoas perdendo suas vidas por falta de respiradores, como vimos em outros Estados. Era uma questão necessária e humanitária”, defendeu o secretario de Saúde, Jean Gorinchteyn, que ainda não comandava a pasta quando o contrato foi assinado.

Por meio de nota, a Secretaria da Saúde de São Paulo informou que está à disposição para prestar esclarecimentos e colaborar com as investigações. No entanto, a nota afirma que o governo do estado condena “a espetacularização da ação”.

“A compra dos respiradores foi essencial no início da pandemia e fundamental para salvar vidas, em um momento de inércia do Governo Federal, que não distribuiu equipamentos aos estados, e alta procura no mercado internacional”, diz o comunicado.

A nota da Saúde afirma que a pasta “não poderia ficar de braços cruzados diante de uma necessidade tão urgente”. “Essa decisão acertada evitou que São Paulo tivesse as tristes cenas que aconteceriam depois em Manaus, com a falta de fornecimento de oxigênio”, afirmou o documento.

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