Propaganda ilegal

Doria afasta fiscais suspeitos de cobrar propina

Funcionários da Prefeitura fraudavam a Lei Cidade Limpa

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O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta segunda-feira, 31, que vai afastar servidores públicos suspeitos de cobrar propina para liberar propaganda ilegal na cidade. O caso foi revelado pela rádio CBN e envolve empresários e funcionários da Prefeitura, entre os quais um prefeito regional e quatro chefes de gabinete. 

"Determinei ao secretário Julio Semeghini (Governo) o imediato afastamento de todos os envolvidos para que possa ser feita a investigação", disse Doria. "Não tem a menor possibilidade de se conviver com nenhum tipo de corrupção em nenhuma prefeitura regional", completou o prefeito.

Reportagem veiculada nesta segunda-feira pela rádio CBN revela um amplo esquema de corrupção no qual funcionários públicos lotados nas Prefeituras Regionais (antigas subprefeituras) cobram propina de empresários para fazer vista grossa para propagandas vetadas pela Lei Cidade Limpa, em vigor há dez anos.

São citados como supostos participantes da máfia o prefeito regional da Lapa, Carlos Fernandes, e seu chefe de gabinete, Leandro Benko. Fernandes é filiado ao PPS e já foi subprefeito da Lapa na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Benko é irmão do ex-vereador e atual secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Laércio Benko (PHS). Ambos apoiaram Doria na eleição do ano passado e foram nomeados pelo tucano.

Em coletiva de imprensa, Doria disse que ainda iria "avaliar" se afastará ou não o prefeito regional citado na reportagem. "Dos que tem função de supervisão e coordenação, imediato afastamento, ainda que temporário, evidentemente para que tenham direito a plena defesa. Até amanhã (terça-feira) vamos avaliar os prefeitos regionais também", disse Doria, que também publicou vídeo em seu perfil no Facebook dizendo que determinou "o afastamento imediato das pessoas envolvidas".

Segundo a CBN, a 'Máfia da Cidade Limpa' funciona há anos e em várias regiões da cidade. Na Vila Prudente, zona leste, por exemplo, a reportagem cita o envolvimento da chefe de gabinete Regina Della Coletta, ex-assessora da vereadora Edir Sales (PSD), que integra a base de Doria na Câmara Municipal. Ao todo, 14 servidores públicos e 9 empresários ou representantes comerciais de empresas promotoras de anúncio são citados pela rádio por suposto envolvimento no esquema 

As fraudes, de acordo com a reportagem, ocorrem, principalmente, nas propagandas de vendas de imóveis e veículos. As setas que indicam o plantão de vendas de um apartamento decorado ou feirão de carros, por exemplo, custam de R$ 60 a R$ 100 só de propina por final de semana. O valor, segundo a CBN, é o mesmo para panfletos distribuídos nos semáforos. As multas para esse tipo de infração partem de R$ 10 mil. (AE)

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