Abandono dos Três Poderes

Praça dos Três Poderes é o próprio retrato do abandono no centro de Brasília

Símbolo das instituições tem buracos, sujeira, mato, desleixo

acessibilidade:
As pedras portuguesas imundas, encardidas, escurecidas e o mato brotando na porta do Supremo.

A Praça dos Três Poderes, em Brasília, a mais representativa das instituições brasileiras, é o próprio retrato do abandono. Sugere uma cidade fantasma não fosse pela presença de turistas, muitos turistas, e o movimento frenético de veículos.

As pedras portuguesas características, que eram brancas, agora estão escurecidas pela sujeira e em alguns pontos até parecem negras. Entre elas brotam mato que chegam a meio metro de altura.

A vergonha dos brasileiros que visitam a Praça dos Três Poderes é percebida em cada rosto que se depara com os buracos, a sujeita, o desleixo.

Buracos na Praça: estranha que as pedras soltas não tenham sido utilizadas por manifestantes radicalizados.

Não há lixeiras na Praça dos Três Poderes, mas há lixo espalhado. Pichadores fizeram sua parte, emporcalhando o acesso à enorme maquete da cidade idealizada pelo urbanista Lúcio Costa e enfeitada pelos prédios do arquiteto Oscar Niemeyer. Aliás, a própria maquete está mal conservada, desatualizada, a iluminação é precária, improvisada, inexistente em alguns pontos .

Ninguém se importa?
A impressão é que ninguém faz nada porque somente turistas e camelôs freqüentam aquele lugar. Ou suas excelências os chefes de Poder precisam com urgência agendar consulta com os respectivos oftalmologistas.

Museu cercado de buracos, mato e sujeira.

Não se pode imaginar por que o presidente da República, que passa diariamente pela Praça dos Três Poderes, e nem o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), de cujo gabinete a contempla, não se sintam no dever de passar a mão no telefone e solicitar providências ao governador do Distrito Federal. Ou mandar que seus chefes de gabinete se entendam com os incompetentes que chefiam a Novacap, empresa pública do DF responsável pela conservação da cidade.

Casa de Chá virou repartição
Como em qualquer cidade turística, também ali há uma placa enorme com o mapa que mostra onde você está e o caminho que deve seguir para seu destino. O problema é que o mapa está ilegível, queimado e escurecido pelo sol há anos, com evidências de nunca ter sido trocado. Em vez de mapa, há um quadro manchado.

O mapa queimado está a três metros da descida da antiga Casa de Chá, que passou 15 anos fechada, “em reforma”, e foi reinaugurada com festa em 2010 com um jantar oferecido a 150 convidados.

Ondulações na pista na porta do Planalto.

Mas, depois do fingimento, a Casa de Chá saiu pelo ralo e o espaço, espécie de subsolo da Praça dos Três Poderes, virou um “Centro de Atendimento ao Turista” que vive às moscas, por falta de turistas frustrados pela falta de material de divulgação.

Além da própria Praça às traças, até a pista que a circunda é uma vergonha. No acesso à via que passa em frente ao Planalto são tantas as ondulações que talvez fosse melhor não haver pavimento.

Omissão dos Três Poderes
Não se espera muito dos chefes do Poder Legislativo, que sempre esteve de costas para a Praça dos Três Poderes por decisão do autor do projeto arquitetônico do Congresso Nacional. Estudiosos da história de Brasília garantem que o projeto original de Niemeyer deixava o Congresso voltado para a Praça. Só que não.

Já o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo, que está no lado norte da praça, também ajudou a enfear a Praça com uma profusão de grades mandadas instalar nos governo do PT, com o objetivo de manter à distância a insatisfação popular.

No lado Sul da Praça, a bela escultura da Justiça, lapidada pelo gênio de Alfredo Ceschiatti, representa com sua venda nos olhos a cegueira do Supremo Tribunal Federal (STF) diante da sujeira e do abando contemplados do gabinete da sua presidência.

Mapa turístico queimado na Praça dos Três Poderes: desleixo, abandono, deboche.

Reportar Erro