Máquina de dinheiro

Detran-DF multa até motoristas que estão fora da cidade e seus carros na garagem

Nem adianta recorrer: a indústria da multa não abre mão do faturamento extra

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A orientação é que as pessoas com sintomas gripais devem realizar primeiro o teste para Covid-19 Foto: EBC

Um piloto de aeronaves residente em Brasília tomou um susto ao receber multa de trânsito no valor de R$195 por supostamente trafegar sem cinco de segurança. É que na data onde a infração teria ocorrido, Júlio Guther, o piloto, estava há mais de 1.000 quilômetros de distância, na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando. E seu carro permaneceu na garagem durante todo o tempo, como atestam as câmeras de segurança do condomínio onde reside. Julio disse que outros cinco amigos foram vítimas da mesma esperteza do Detran-DF, tipo “se colar, colou”.

Outro detalhe intrigante é que Júlio nunca esteve no local da suposta infração, a cidade de Sobradinho, a 40 quilômetros do Plano Piloto de Brasília. A nova vítima da indústria da multa do Detran disse à BandNews FM que já prevê o transtorno que terá de enfrentar ao recorrer contra a multa, até porque o Detran, que fatura mais de meio bilhão de reais por ano com multas e taifas, raramente reconhece erros na emissão de multas.

Mestres do “se colar, colou”

No fim de 2018, balanço do Detran-DF indicou a emissão de mais de 18.276 multas de motoristas “que mudaram de faixa sem dar a seta”, no valor de R$195,23, o mesmo valor de infração por não usar cinco de segurança.

As 18.276 multas são ainda mais inacreditáveis porque representariam um aumento de 44% nesse tipo de infração, segundo o próprio Detran-DF. Não há um só motorista que já tenha visto agentes do Detran-DF fiscalizando esse tipo de infração, e o “se colar, colou” acabou colando. E faturou mais R$3.568.023,48 para a indústria eficientíssima da multa.

O Detran-DF apresentou uma versão fantasiosa para justificar a emissão de multa sobre infração inexistente. Sua assessoria de imprensa garantiu à BandNews que não haveria erro porque a multa foi aplicada por meio eletrônico. Com o mentira tem pernas curtas, a vítima do Detran mostrou a multa recebida e a observação “agente desembarcado, condutor em trânsito”, como se o agente estivesse em pé, fora de sua viatura, e por isso observou a falta de cinto de segurança no condutor que na verdade se encontrava a 1.000 quilômetros de distância.

Prática recorrente

Veículos de comunicação como a própria rádio BandNews têm registrado inúmeras queixas de motoristas que são multados por infrações que não cometeram, até porque não estavam no local indicado na autuação e nem mesmo na cidade, como no caso do piloto Julio Guther.

Aconteceu também com o jornalista Rodrigo Leitão, de Brasília. Ele trabalhava no Grupo Bandeirantes de Comunicação quando, em férias, viajou de avião com a família para o outro Estado, e deixou seu carro na garagem da empresa, no 4º subsolo do edifício João Carlos Saad, levando a chave. Após retornar da viagem, que durou quase um mês, ele recebeu multa por infração de trânsito.

A exemplo do piloto Julio, que já enviou seu recurso ao Detran-DF pelos Correios, com todas as provas, o jornalista Rodrigo também recorreu e anexou ao pedido de reconsideração documentos provando que estava fora de Brasília na data da suposta infração e provas de que seu veículo permaneceu na garagem, incluindo imagens de câmeras de segurança. O recurso de Rodrigo foi indeferido e o mesmo desfecho deve fazer de do piloto Julio mais uma vítima da vigarice institucionalizada representada pela indústria da multa.

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