'Não quero peso de caixão'

‘Destruído’, Kalil decreta lockdown a partir de 2ª feira, em Belo Horizonte

A medida assinada pelo prefeito foi publicada hoje no Diário Oficial do município

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Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Foto: Amira Hissa/PBH

A prefeitura de Belo Horizonte (MG) publicou, hoje (8), no Diário Oficial do município, um decreto do prefeito Alexandre Kalil PSD) desautorizando o funcionamento, por tempo indeterminado, de atividades consideradas não-essenciais, como lojas de roupas, salões de beleza, centros automotivos, entre outras. Ao comentar ontem (7) as medidas que entram em vigor na próxima segunda-feira (11), o prefeito chorou e disse estar destruído.

“Este é o dia mais difícil para mim. Estou destruído. Não é fácil tomar essa decisão. Não quero o peso de nenhum caixão nas minhas costas”, disse Kalil, ao se emocionar durante entrevista por telefone à jornalista Natuza Nery, na GloboNews.

O Decreto nº 17.523 também estabelece os horários de funcionamento dos estabelecimentos autorizados. Entre as atividades liberadas estão padarias, supermercados, farmácias, postos de gasolina, entre outros.

No decreto, a prefeitura afirma que as restrições foram decididas após a análise dos indicadores epidemiológicos que apontam para o recrudescimento do número de casos na cidade, levando em conta a capacidade da rede de assistência local.

Na manhã desta sexta-feira (8), donos e usuários de academias protestaram contra a medida, em frente à Prefeitura de Belo Horizonte. Algumas academias divulgaram nas redes sociais que permanecerão abertas baseadas em decreto do presidente Jair Bolsonaro, que classificou, em maio de 2020, academias e salões de beleza como serviços essenciais, apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido no mês anterior que estados e municípios podem fixar regras próprias de combate à pandemia.

Veja quadro com a lista completa e os respectivos horários de funcionamento:

Alerta vermelho

Kalil já tinha antecipado a decretação de um novo lockdown (bloqueio) para tentar conter a disseminação do novo coronavírus e o aumento do número de casos da covid-19 na última quarta-feira (6). Na ocasião, o prefeito informou, pelas redes sociais, que a capital mineira chegou “ao limite da covid-19” e que, após uma reunião de governo, foi orientado a tomar a decisão de editar um decreto fechando todos os serviços não essenciais da cidade.

“Chegamos no vermelho. O comerciante tem que se preparar, porque sexta-feira soltaremos um decreto voltando a cidade à estaca zero. São números impressionantes, houve uma importação de doença surpreendente. Temos casos de famílias inteiras, que passaram o Natal juntos, infectados e internados”, acrescentou.

De acordo com o mais recente boletim epidemiológico divulgado pela secretaria municipal de Saúde, até quinta-feira (7), Belo Horizonte contabilizava 66.916 casos confirmados da doença – dos quais 3.890 permaneciam em acompanhamento – e 1.923 mortes. A ocupação de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes com a doença chegou a 85%, enquanto a ocupação de leitos de enfermaria estava na casa dos 62%. (Com informações da Agência Brasil)

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