Falso reajuste

Deputado JHC faz denúncia falsa contra prefeito de Maceió

Parlamentar acusou Rui Palmeira de aumentar próprio salário

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O deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB-AL), demonstrou publicamente seu suposto desconhecimento ou má-fé ao denunciar mudanças na estrutura básica da Prefeitura de Maceió, cuja administração tentou conquistar há pouco mais de dois meses. Na tarde desta terça-feira (6), o parlamentar publicou em seus perfis das redes sociais a falsa notícia de que a reforma administrativa enviada à Câmara Municipal aumentaria os salários do prefeito Rui Palmeira (PSDB), do vice-prefeito Marcelo Palmeira (PP) e de secretários “em mais de 30%”.

A denúncia de JHC dá a falsa informação de que o salário do prefeito tucano passaria de R$ 15 mil para R$ 20 mil, caso a reforma administrativa seja aprovada pelos vereadores maceioenses. E alerta: “Prefeito antecipa ‘presente de natal’ ao maceioense”, antes de exaltar que vai continuar com sua “postura vigilante” e pedirá o estudo de impacto financeiro dessa medida e a sua motivação.

Para desmentir o recém nomeado presidente do PSB de Alagoas, o maceioense não precisará esperar pelo resultado da falha “vigilância” do parlamentar. Basta consultar pelo nome completo do prefeito Rui Soares Palmeira, no portal da transparência do site oficial da prefeitura, para ver que o salário do tucano é de R$ 20 mil desde o primeiro mês do atual mandato, em janeiro de 2013. Portanto, não se pode falar em aumento.

Talvez motivo da confusão do deputado que perdeu a disputa contra a reeleição de Rui Palmeira tenha relação com o fato de, entre novembro de 2014 a maio de 2015, ter havido redução de 30% sobre os valores líquidos dos salários do prefeito, vice e secretários. Medida que visava restabelecer o cumprimento dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com pessoal.

Veja a denúncia falsa de JHC nas redes sociais: 

SEM AUMENTO

Mesmo sendo óbvio o engano, o Diário do Poder questionou o secretário municipal de Administração de Maceió, Fellipe Mamede, sobre a acusação do deputado ex-aliado do governo de Rui Palmeira. O gestor afirma que, além de não reajustar o próprio salário, o prefeito tucano reduziu salários de secretários e superintendentes.

“O nobre excelentíssimo deputado está mal informado. O salário do prefeito não foi alterado, em detrimento de muitos pleitos para a ampliação do teto salarial. Ao contrário do que alega o deputado, houve redução de salários. Os salários de secretários foram reduzidos de R$ 17.500 para R$ 17.000. A mesma coisa ocorreu com os gestores da administração indireta, que de R$ 16.500 passou R$ 16.000. Além disso, eliminamos um nível do quadro de comissionados, reajustando para baixo quase que todos os cargos, estabelecendo um novo padrão”, explicou Mamede.

Segundo o secretário, esta estrutura de comissionados também é composta por servidores efetivos e tem gasto mensal de R$ 3,4 milhões, que não sofrerá reajustes, no universo de uma folha de mais ou menos R$ 70 milhões de todo o município. A folha de comissionados representa menos que 6% do total, tanto em número de servidores, quanto no valor da folha.

“A reestruturação da tabela uniu cargos DAS1 com DAS2, eliminando um nível. Em termos de quantitativo de cargos, ainda houve diminuição pequena de 15 cargos. Mas a ideia foi tentar reorganizar a estrutura da Prefeitura melhorando a funcionalidade, sem aumentar gastos. O movimento foi totalmente o contrário do que está alegando o deputado. Maceió figura como uma das capitais abaixo da média de gastos com comissionados”, explicou o secretário.

O deputado JHC, que sugere a existência de alguma manobra da gestão tucana “no apagar das luzes” de 2016, manteve a publicação, apesar de sua assessoria de imprensa ser sido procurada com questionamentos sobre a informação errada.

Certamente, o parlamentar que assumiu o comando do PSB de Alagoas sob a acusação de trair militantes da sigla precisará qualificar sua oposição, sem luzes apagadas, para enxergar melhor a realidade com a qual dizia estar preparado para lidar, na campanha eleitoral. Agora, deve desculpas ao maceioense e ao prefeito, ou, ao menos, uma correção da falsa informação.

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