Sociedade invertida

Delegado Lucena é processado por denunciar agressor de mulheres

O cardiologista postou no Facebook que as mulheres apanhavam porque não respeitavam seus maridos

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A Corregedoria Geral da Polícia Civil abriu Termo Circunstanciado contra o delegado Miguel Lucena acusando-o de ter divulgado à imprensa informações sobre agressões e ofensas do médico Luiz Antonio Águila, 63 anos, a mulheres. Os dados do autor deveriam ficar em absoluto sigilo, ao contrário do que ocorre com os delinquentes comuns, cujos nomes são divulgados diariamente pela Divisão de Comunicação e pelas delegacias do Distrito Federal.

Miguel Lucena recebeu, na tarde desta segunda-feira (5), intimação do Juizado Especial Criminal de Brasília para audiência preliminar no dia 15 de março.

“Tudo na sociedade brasileira está invertido moralmente: quem agride mulheres fica solto e o delegado corre o risco de ser preso, apenas pela suspeita de ter divulgado informações à imprensa”, protestou Lucena.

Em dezembro de 2016, o cardiologista postou no Facebook que as mulheres apanhavam porque não respeitavam seus maridos e companheiros, o que causou indignação a mulheres de todo o Brasil. Um repórter descobriu que Luiz Águila tinha vários registros policiais sobre agressões físicas e verbais a mulheres, procurou a Divisão de Comunicação da Polícia Civil, o delegado consultou os dados e apenas confirmou que realmente haviam sido registrados boletins, sem, no entanto, repassar nenhum dado ao jornalista.

Vários policiais civis consultaram os registros de Luiz Águila, entre eles Miguel Lucena, mas a Corregedoria resolveu abrir Termo Circunstanciado contra o delegado. “Será coincidência o fato de eu ser pré-candidato a deputado federal na oposição ao governo Rodrigo Rollemberg?”, questionou Lucena.

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