Corrupção

Delator: Cunha recebeu propina no Uruguai, durante o governo Dilma

Ex-vice da Caixa diz que Cunha recebeu propina no Uruguai

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Em troca da liberação de recursos do Fundo de Investimento do FGTS para obras superfaturadas, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu propina em uma conta bancária no Uruguai, segundo revelou à força-tarefa da Lava Jato Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa durante o governo Dilma Rousseff. Indicado para o cargo por Cunha, Cleto confessou pelo menos dez casos de fraudes nas decisões sobre a aplicação do FI do FGTS.

O aliado de Cunha fez acordo de delação premiada ainda pendente de homologação pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro também terá de decidir sobre a decretação da prisão do parlamentar, solicitada pela Procuradoria Geral da República. A delação complica ainda mais a situação de Cunha e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, apontado por Cleto como um dos operadores da propina destinado durante anos.

Fábio Cleto, delator ligado a Cunha e Funaro.Funaro é acusado de pagar por um Land Rover Freelander e um Hyundai Tucson, que estão em nome da C3 Produções Artísticas, empresa de Cunha e da mulher Claudia Cruz. Cunha e Funaro aparecem juntos também em investigação da Comissão de Valores Mobiliários sobre desvios de recursos do Prece, o fundo de pensão dos funcionários da Cedae (Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro).

O deputado é acusado ainda de usar a Câmara para atender interesses de Funaro contra o Grupo Schahin, num negócio de R$ 1 bilhão.

Cleto conhece bem as relações entre Cunha e Funaro, a quem era ligado até decidir fazer acordo de delação. Cunha foi o responsável pela indicação de Cleto para uma das vice-presidências da Caixa.

Na delação, Cleto disse que o dinheiro destinado ao deputado passou por contas em vários países, entre eles Suíça e Uruguai.

Cleto também confirmou as denúncias dos empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, donos da Carioca Engenharia. Depois de fazerem acordo de delação premiada, os dois confessaram o pagamento de R$ 52 milhões em propina para Cunha, em troca da liberação de recursos do FI do FGTS para financiar obras imobiliárias de OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia no Porto Maravilha, no Rio. 

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