Crime da 113 Sul, Brasília

Defesa de Adriana acusa promotoria de saber que jurada mentia ao negar página em rede social

Promotor o agrediu para se amoldar à opinião da jurada que mentia, acusa Kakay

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Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ao lado de Adriana Villela - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

No vale-tudo em que se transformou o julgamento de Adriana Villela, afinal condenada pelo assassinato dos pais e da empregada da família, o procurador Maurício Miranda, além da estratégia de demonizar a ré, a também tentar demonizar a defesa e a própria advocacia, fazendo um ataque pessoal a Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, acusando-o de haver enriquecido “defendendo os maiores corruptos da República”.

O advogado achou em princípio que a agressão do promotor era apenas “fruto da incapacidade de um diálogo jurídico maduro, da falta de preparo intelectual, talvez até da inveja”, mas agora, segundo ele, “nota-se claramente que foi manifestação dirigida especificamente a uma jurada, a que mentiu publicamente ao afirmar para o Dr Juiz, para a Defesa e para todos os presentes que nunca tinha tido nenhuma rede social.”

Trata-se da jurada Oraida Maria Ferreira, cuja mentira perante o juiz é a principal alegação da defesa de Adriana Villela para anular o julgamento em que ela foi condenada a 67 anos de prisão como mandante do assassinato dos pais, Maria e José Guilherme Villela, e da empregada da família, todos mortos com brutalidade chocante, com mais de setenta facadas.

A mentira da jurada
Durante o processo de escolha e eliminação de jurados, Kakay perguntou a Oraida se ela havia compartilhado em uma rede social uma notícia falsa a seu respeito. Antes mesmo de concluir a pergunta, a jurada o interrompeu afirmando que nem sequer tem rede social.

Esta foi a “fake news” compartilhada pela jurada .

Diante da negativa, a defesa decidiu não vetar sua participação. Mas depois se descobriu que Oraida não apenas tem página no Facebook como de fato compartilhou informação falsa sobre Kakay, atacando-o por supostamente integrar a defesa de Adélio Bispo de Oliveira, que tentou assassinar o presidente Jair Bolsonaro. A notícia era falsa.

Promotor ‘sabia da mentira’
O ataque do promotor, segundo Kakay, mostrou que ele sabia que a jurada tinha um Facebook e que nele havia sido postado uma fakenews. “Nunca advoguei para este maluco deste Adélio e obviamente abomino o ato de violência contra qualquer pessoa. Nunca fui advogado do ex-presidente Lula.”

“Esta imagem falsa que ela postou”, lembra Kakay, “foi inclusive matéria da Globonews que alertou que era fake news.” O advogado está indignado: “a agressão baixa do promotor tinha um direcionamento específico: a jurada que mentiu no plenário”, diz ele, convencido de que “a mentira obviamente é motivo suficiente para a nulidade do Júri, mas é fácil constatar que o MP se aproveitou da mentira para moldar sua manifestação à opinião da jurada.”

A defesa tem a obrigação de sustentar a nulidade mesmo sabendo que este foi o Júri mais longo do Distrito Federal e que foi presidido com elegância, firmeza, seriedade pelo Dr Paulo Giordano. Mas a sacralidade do Júri foi conspurcada e temos que cumprir a Constituição.

Direito de defesa
Antonio Carlos de Almeida Castro afirmou neste sábado que vem sendo alvo de inúmeras manifestações de solidariedade, sobretudo de colegas indignados com o fato de a promotoria do caso haver emitido sinais de não reconhecer o direito à defesa de qualquer acusado, conforme dispõe a Constituição.

Além disso, os colegas lembram a Kakay que, ao contrário do que imagina o promotor,  ele já era profissional bem sucedido muito antes da deflagração das operações de investigação de corrupção dos últimos anos.

“Foi uma agressão gratuita a mim”, diz Kakay, “de maneira descontrolada e deselegante”.

 

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