Desastre no Pinheiro

Defesa Civil amplia área de isolamento em bairro danificado pela Braskem, em Maceió

Evolução das rachaduras nos prédios ampliou risco de desabamento no bairro do Pinheiro

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A Coordenadoria Especial Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec) anunciou hoje (22) que está ampliando a área de isolamento no entorno dos blocos 7, 8, 9, 14 e 15 do Conjunto Jardim Acácia, no bairro do Pinheiro, atingido por danos geológicos e tremores de terra causados pela extração de sal-gema pela mineradora Braskem, em Maceió (AL). A medida entra em vigor a partir deste sábado (23), diante da evolução das rachaduras nos prédios e, consequentemente, do risco de desabamento.

A ampliação do isolamento está amparada pela Lei nº 12.608, que trata das políticas de proteção e defesa civil, que estabelece ser de competência do Município “vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a intervenção preventiva e a evacuação da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis”.

O Relatório de Análise Técnica que avaliou o risco estrutural dos blocos aponta que os elementos estruturais dos prédios passaram do estado limite de deformação e encontram-se colapsados e sem funções, com grandes riscos de tombamento iminente, principalmente no que diz respeito às condições encontradas no solo por sua zona de fraturamento. Confira o Relatório de Análise Técnica.

“A área dos prédios já está isolada desde junho deste ano, mas diante da evolução do problema e do risco de tombamento, estamos ampliando o perímetro. Neste primeiro momento as vias serão isoladas, para evitar o fluxo de veículos, mas o isolamento completo será feito com alambrado para evitar que pessoas transitem próximo aos prédios”, explicou o coordenador Geral de Proteção e Defesa Civil de Maceió, Dinário Lemos.

O isolamento acontece na Alameda Cônego Cavalcante de Oliveira, no trecho que vai desde o posto de combustíveis BR Petrobras até o Supermercado Pilar, e na Rua Manoel Menezes, no trecho que compreende o depósito de gás da Ultragaz até o Supermercado Pilar.

“Sabemos que isolamentos de áreas causam transtornos, mas a medida adotada é necessária para salvaguardar a população, uma vez que o solo do bairro continua em movimento e a evolução das rachaduras nestes cinco blocos é constante”, completou a diretora de Operações de Proteção e Defesa Civil, Joanna Borba.

O trabalho de isolamento das vias foi planejado com a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), que adotará as medidas necessárias para orientar os condutores que trafegam pela região.

A medida de ampliação da área de isolamento foi comunicada aos moradores do bairro que fazem parte do Núcleo Comunitário de Defesa Civil (Nudec) do Pinheiro, bem como o relatório técnico encaminhado para os órgãos responsáveis.

Rachadura em bloco do conjunto Jardim Acássia no Pinheiro, em Maceió (AL). Foto: Defesa Civil de Maceió

O desastre e a mineração

Estudos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) atestam a mineradora como causadora do desastre geológico que atinge cerca de 40 mil moradores de três bairros de Maceió. A Braskem vem apontando inconsistências nesta conclusão, enquanto a autarquia federal reafirma que a mineradora causou o problema de instabilidade no solo, fissuras, afundamentos e tremores de terra por meio da extração de sal-gema, ao longo de cerca de 40 anos.

No início da semana, atendendo a medidas cobradas na Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF), a Braskem apresentou medidas para a criação de uma zona de resguardo em torno de 15 poços de extração de sal na capital alagoana e iniciar a coordenação das ações de realocação de pessoas; bem como demais medidas para o encerramento definitivo da extração de sal e fechamento de seus poços em Maceió.

A estimativa é que esta área de resguardo envolva aproximadamente 400 imóveis e 1.500 pessoas.

A Braskem tem afirmado que não está estabelecida qual a relação entre o fenômeno geológico em Maceió e a operação dos poços de extração de sal da Braskem. E, desde o abalo sísmico registrado em Maceió em março de 2018, a mineradora vem atuando junto a autoridades e realizando estudos para compreender as causas do fenômeno. (Com informações da Ascom Defesa Civil e da Braskem)

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