Operação mira juiz afastado por favorecer para facção do Amapá
João Teixeira de Matos Júnior foi afastado pelo CNJ em abril, por suspeita de venda de sentenças para faccionados presos no estado
O Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP) autorizou a Operação Cidade das Esmeraldas, deflagrada nesta sexta (6) para investigar um possível esquema de corrupção envolvendo um juiz, advogados e membros de facção criminosa atuante no estado. O magistrado está afastado desde abril e cinco investigados da facção foram presos pela operação que envolve a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/AP) e a Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Amapá.
Além das prisões e do afastamento do juiz João Teixeira de Matos Júnior, afastado da Vara de Execuções Penais de Macapá, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nas capitais Macapá, Belém, Rio de Janeiro, Curitiba e Santa Catarina.
O magistrado foi afastado pela Corregedoria Nacional de Justiça, por suspeita de favorecer ilegalmente faccionados presos no estado, em ao menos 44 ações judiciais.
E a operação de que foi alvo é resultado de desdobramentos da Operação Queda da Bastilha, deflagrada em setembro de 2022, cujas investigações identificaram indícios de que o juiz teria recebido “benefícios” para decidir favoravelmente a faccionados presos no sistema prisional amapaense, por meio de advogados e servidores do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (IAPEN).
Algumas das decisões favoráveis de João Teixeira de Matos Júnior não haviam sequer a manifestação do Ministério Público do Amapá.
A Operação Queda da Bastilha levou à condenação em primeira instância de advogados, membros de facção e servidores atuantes na segurança pública, a exemplo do delegado Sidney Leite, que era titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes da Polícia Civil do Amapá e tentava ser eleito deputado estadual pelo PTB, em 2022.
“Aquela investigação trouxe à tona indícios de um esquema onde advogados recebiam dinheiro de faccionados para pagamento de servidores do IAPEN, que conseguiam atestados falsos com médicos, subsidiando liberações dos presos com descumprimento legal e eventuais fugas destes”, disse comunicado da Comunicação Social da FICCO do Amapá, divulgado pela Polícia Federal.
O Diário do Poder não conseguiu contato com a defesa do juiz investigado, mas fica à disposição para publicar eventuais esclarecimentos nesta matéria.
Os investigados pela Operação Cidade das Esmeraldas podem ser indiciados e denunciados e responder a ações penais por crimes de corrupção ativa e passiva, e organização criminosa, cujas penas somadas superam 20 anos de prisão, mais multa.
A FICCO do Amapá é integrada pela Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, IAPEN e Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Amapá.