Tragédia climática

Comporta de segurança rompe na zona norte de Porto Alegre

Capital gaúcha registra 450 pessoas desabrigadas

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Defesa Civil e Bombeiros tentaram evitar rompimento de comporta no Lago Guaíba, em Porto Alegre (Foto: Giulian Serafim/PMPA)

Uma segunda comporta de segurança, localizada na zona norte de Porto Alegre, se rompeu no início da tarde desta sexta-feira (3). O portão 14 foi rompido pela força das águas que se acumulam em razão dos temporais que atingem o Rio Grande do Sul. A informação foi apresentada ao prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, em meio a coletiva de imprensa. Após ser comunicado, ele pergunta: “Todo o portão?” e a confirmação vem em seguida.

A comporta fica embaixo da Avenida Sertório e abre caminho para a Rua Voluntários da Pátria, perto do DC Navegantes. “Aquele não é um dos maiores portões que temos. Ali é uma região plana e pode avançar Sertório adentro. Não podemos prever o quanto a água pode avançar”, avaliou o prefeito, ao solicitar que todo o efetivo da defesa civil seja deslocado para a região da comporta rompida.

O portão 14 ruiu no final da manhã de hoje, quando tanques do Exército chegavam para reforçar a estrutura.

Inundação extrema atinge ruas do Centro de Porto Alegre (Foto: Giulian Serafim/PMPA)

Enchente extrema

A inundação extrema do lago do Lago Guaíba levou o prefeito Sebastião Melo (MDB) a decidir recomendar o fechamento do comércio e esvaziamento do Centro Histórico de Porto Alegre, desta sexta-feira (3) até domingo (5). As pontes do Guaíba foram fechadas, hoje, após o nível de suas aguas atingir 4,6 metros e ficar a apenas 16 cm da enchente recorde de 1941.

Ao citar o que chama de “evacuação orientada”, o prefeito diz: “quero apelar para as pessoas. Já que o comércio está fechando, penso que as pessoas que estão mais próximas do rio [Guaíba] deveriam também tomar essa providência de deixar o 4º Distrito”.

“Não posso chegar aqui e dizer ‘Garanto que 100% do portão não vai romper’. Não posso fazer isso e nem o engenheiro pode fazer isso. Tenho que trabalhar com todas as possibilidades. Nessas possibilidades, acho que sim, é razoável pedir para os moradores, especialmente do Centro Histórico e do 4º Distrito, que possam, além de fechar o comércio, não circular. Aqueles que puderem sair, evidentemente, essa é a recomendação do prefeito”, disse o prefeito, antes do rompimento.

Resgate de famílias na Ilha dos Marinheiros, pela Defesa Civil de Porto Alegre. (Foto: Giulian Serafim / PMPA)

Desabrigados e doações

Ainda durante a coletiva, o prefeito relatou que, neste momento, Porto Alegre contabiliza 450 pessoas desabrigadas. Ao todo, três abrigos estão recebendo vítimas das enchentes na cidade e um novo abrigo está sendo montado no bairro Menino Deus. “Estamos analisando outras possibilidades – entre elas, o [ginásio de esportes] Gigantinho. Durante o dia, tomaremos mais decisões, de acordo com o número de desabrigados que, a cada momento, aumenta”.

“Sei que todo mundo, neste momento, quer ajudar e isso deve ser louvável e [ficamos] muito agradecidos. Mas não levem doações aos abrigos. Isso nos cria uma grande dificuldade. As doações devem ser levadas para a Defesa Civil. Ela organiza a distribuição”, disse. “É um apelo que faço: precisamos de doações, muitas doações. Mas elas devem ser dirigidas aos locais certos para que a gente possa direcionar corretamente.”

Calamidade pública

Na noite de ontem o prefeito decretou calamidade pública em Porto Alegre, classificando o desastre como de grande intensidade (nível III). “Tomamos a decisão junto à presidência do Sindilojas de orientar o fechamento do comércio no Centro. Fazemos um apelo para que as pessoas evitem circular pela região. Temos 448 pessoas acolhidas em três abrigos da cidade. Nossa total prioridade é a segurança da população!”, alertou o prefeito, em suas redes sociais.

O decreto baseado em pareceres da defesa civil municipal e da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) autoriza a administração a empregar todos os recursos e voluntários na assistência à população e restabelecimento de serviços.

Além de as chuvas terem causado ao menos 31 mortes e deixado 74 pessoas desaparecidas, elas ainda afetaram os serviços de telecomunicações, dificultando ainda mais os trabalhos das equipes de resgate.

A Defesa Civil de Porto Alegre divulgou um novo alerta nesta quinta-feira, indicando a possibilidade de continuidade das chuvas extremas até o meio-dia de segunda-feira (6). Solicitações emergenciais devem ser feitas por meio do telefone 199, ou junto ao Corpo de Bombeiros (193). (Com ABr)

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