Sem verba e sem show

Crise faz o prefeito cancelar festival Maceió Verão 2017

Sem patrocínio e com dívidas de 2015 Rui cancela shows na orla

acessibilidade:

Após esgotar a possibilidade de haver patrocínio da iniciativa privada e sem caixa suficiente para bancar o cachê de artistas, o prefeito Rui Palmeira (PSDB) decidiu enfrentar o desgaste e ao optar por não promover o festival Maceió Verão neste início de 2017. O cancelamento foi confirmado nesta terça-feira (10) pelo diretor-presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), Vinícius Palmeira.

Sem condições financeiras de trazer artistas de renome nacional para dividir o palco com atrações de Maceió, como aconteceu nas três edições anteriores, Vinícius Palmeira preparava uma programação apenas com artistas locais. E mesmo com toda infraestrutura garantida pelo Município, não conseguiu recursos suficientes para promover os shows na orla de Pajuçara.

Além da crise financeira, a ameaça de boicote feita por uma maioria de artistas que venceram editais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e não receberam os valores previstos para financiar projetos culturais pesou na decisão da FMAC. Vinícius Palmeira considerou que o cancelamento foi uma decisão responsável.

“Junte aí o mercado retraído de patrocínio e dívidas que a gente tem com a comunidade cultural. Tenho uma dívida que comecei a saldar agora, com base na Lei Municipal de Incentivo à Cultura. A comunidade está com razão na minha cola. E ontem, graças a Deus, começamos a pagar. São editais de 2015. Paguei R$ 600 mil e, agora, estou pagando mais uma parcela de R$ 600 mil, de janeiro a fevereiro. São 16 projetos. E, numa época dessa, seria irresponsável manter essa dívida. Ou a gente paga uma coisa ou outra. A crise é profunda e as pessoas precisam entender”, argumentou Vinícius Palmeira, que evita atribuir a suspensão do festival à dívida.

Presidente da FMAC, Vinícius PalmeiraATRASOS

Entre os atrasos de pagamentos dos editais de 2015, estão dívidas com projetos de R$ 20 mil a R$ 80 mil. Ao todo os editais liberavam o financiamento de 40 projetos em todos os segmentos culturais, de teatro, de dança, de música, de cinema etc. E R$ 360 mil devem ser liberados já esta semana, segundo o presidente da FMAC. 

A previsão da FMAC é aquecer o mercado cultural e seu público com a tardia quitação dos editais. E ainda deve lançar a rede municipal de pontos de cultura, que já tem recursos captados junto à União para contemplar 17 entidades com R$ 60 mil para tocar projeto anual na área da cultura.

Longe de uma aproximação institucional do governador Renan Filho (PMDB) que permitisse cogitar uma parceria para salvar o evento, a administração do prefeito Rui Palmeira escolheu não abrir mão da postura política de oposição, mesmo com a grande possibilidade de receber um sonoro “não” como resposta.

Vai para o desgaste com um grande público de eleitores e turistas, já acostumados aos shows gratuitos nos fins de semana de janeiro a fevereiro. 

Reportar Erro