CPRM alerta que dados parciais de afundamento em Maceió geram pânico desnecessário
Serviço Geológico do Brasil diz que interpretar seus dados desinforma e não ajuda
Uma semana após o coordenador dos estudos sobre tremores de terra em Maceió (AL) afirmar em audiência do Senado que foi registrado afundamento de até 18 centímetros por ano em uma área que abrange três bairros da capital alagoana, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) publicou nota, nesta quinta-feira (28), em que alerta que a interpretação dos dados isolados sobre as deformações no solo não contribui para resolver o problema, servindo apenas para desinformar e causar pânico desnecessário à população.
A CPRM informa que seus técnicos estão empenhados para apresentar o relatório conclusivo dentro do prazo pactuado com as autoridades na audiência pública do dia 21 no Senado, até o fim de abril, quando apresentará a causa ou as causas de instabilidade do bairro Pinheiro. Mas confirma que parte do estudo de interferometria exposto pelo geólogo da CPRM, Thales Sampaio, detectou a deformação do solo do bairro do Pinheiro em direção à Lagoa Mundaú, na região repleta de poços de extração de sal-gema explorados ao longo de 44 anos pela Braskem.
A nota alerta que as cores vermelha, amarela e verde, no mapa apresentado no Senado, não dizem respeito a um mapa de risco geológico ou uma atualização do mapa de evidências de rachaduras, fissuras e afundamentos, divulgado anteriormente pela CPRM. E diz ainda que não se pode interpretar a cor vermelha nas regiões do Pinheiro e bairros adjacentes, a exemplo do Mutange e Bebedouro, incluídos no decreto de calamidade publicado pelo prefeito Rui Palmeira (PSDB).
A CPRM informou que as informações que antecipou no Senado não representam um relatório parcial ou conclusivo do estudo sobre as rachaduras. E pondera que apesar de ser relevante, a informação sobre o afundamento precisa ser integrada aos demais estudos geofísicos, de geologia estrutural, sísmicos, geotécnicos, do histórico de uso e ocupação e da infraestrutura urbana, para real compreensão do fenômeno que afeta a região.
“Qualquer tentativa de ‘interpretação’ de dados de maneira isolada não contribui para resolver o problema, servindo apenas para desinformar e causar pânico desnecessário à população”, disse a CPRM na nota.
Reveja a apresentação do geólogo da CPRM no Senado:
Veja aqui os dados de afundamento em Maceió apresentados pela CPRM ao Senado.
Leia a nota completa:
Nota à imprensa
Tendo em vista reportagens veiculadas na imprensa de Maceió, em que citam um suposto relatório do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) sobre a situação do bairro Pinheiro, informamos o seguinte:
Em audiência pública no Senado Federal, no dia 21 de março, a CPRM fez uma apresentação dos estudos desenvolvidos no bairro, entre eles, da análise interferométrica. Trata-se, portanto, de apenas uma das metodologias que estão sendo empregadas nos estudos realizados do bairro. Esta apresentação não se refere a um relatório parcial ou conclusivo.
Os resultados da análise interferométrica são baseados em imagens de satélite do período de abril de 2016 a dezembro de 2018. Estas imagens foram adquiridas pela CPRM para auxiliar nos estudos, que entram numa fase importante de processamento, interpretação e integração de todos os dados coletados.
A interferometria aponta uma lenta deformação (subsidência) com uma componente em direção à lagoa de Mundaú. Contudo, essa informação apesar de ser relevante precisa ser integrada aos demais estudos geofísicos, de geologia estrutural, sísmicos, geotécnicos, do histórico de uso e ocupação e da infraestrutura urbana, para real compreensão do fenômeno que afeta o bairro Pinheiro. Os resultados da Interferometria jamais podem ser analisados de forma isolada.
Ressaltamos mais uma vez que o relatório final que apresentará a causa ou as causas de instabilidade do bairro Pinheiro será apresentado às autoridades no final do mês de abril.
Qualquer tentativa de “interpretação” de dados de maneira isolada não contribui para resolver o problema, servindo apenas para desinformar e causar pânico desnecessário à população.
Reiteramos ainda que o mapa de interferometria contém as cores vermelha, amarela e verde, simplesmente, para destacar os resultados obtidos, que devem ser analisados pelos especialistas.
Também é importante enfatizar que a interferometria não se refere a um mapa de risco geológico ou uma atualização do mapa de evidências de rachaduras, fissuras e afundamentos, já divulgado pela CPRM. Tampouco deve ser interpretado desta forma apenas pela cor vermelha nas regiões do Pinheiro e bairros adjacentes.
Neste momento, nossos técnicos estão empenhados no processamento, integração e interpretação de todos os dados, informação e conhecimento adquiridos pelo Serviço Geológico do Brasil para apresentar o relatório dentro do prazo pactuado com as autoridades na audiência pública no Senado.
Assessoria de Comunicação
CPRM – Serviço Geológico do Brasil