SEM CLIMA

Chuvas por dois meses dificultam tapa buracos em Maceió

Clima não ajuda e consertos durante chuvas ampliariam prejuízos

acessibilidade:

As vias esburacadas de Maceió, após uma sequência de mais de 60 dias praticamente ininterruptos de fortes chuvas, viraram o principal foco de desgaste da administração do prefeito Rui Palmeira (PSDB). Mas tal fato também desafia o bom senso do maceioense que reclama, com razão, dos transtornos causados. Porque a pressa pela recuperação de ruas e avenidas colide frontalmente com as condições climáticas e a exigência legal do bom uso dos recursos públicos.

A sequência das chuvas tem afetado diretamente a condição física do solo, que encharca e não permite que o asfalto seja bem fixado, reparando as partes danificadas. Além disso, a massa asfáltica utilizada para as “operações tapa buracos”, submetida à chuva, faz cair sua temperatura mais depressa, arriscando perder todo o material, que demandou tempo e recursos públicos para saírem às ruas.

Ib Breda e Rui têm aproveitado sol para agir (Foto: Pei Fon/Secom Maceió)Quem explica o desafio dessa logística é o secretário de Infraestrutura do município de Maceió, Ib Breda. “Pela manhã, bem cedo, fazemos a análise de como está o tempo e circulamos pelas áreas onde necessitamos fazer as intervenções. Ficamos os últimos dois dias sem fazer ‘tapa buraco’, porque a gente termina perdendo a massa asfáltica, que não adere à pista molhada. Se o caminhão sai para a rua, não retorna, com a massa, porque, depois que esfria, não se consegue mais utilizá-la”, disse o secretário.

Ib Breda calcula que calcula ter investido mais de R$ 1 milhão, tapando buracos, desde o fim de maio, com mais de 3.400 toneladas de asfalto. E, de acordo com a Defesa Civil de Maceió, as chuvas estão 40,7% acima da média, desde abril. O período de abril a julho tem média histórica de 1.256 milímetros, mas até esta sexta-feira (21) foram registrados 1.767,6 mm.

“A gente não pode deixar de ir para a rua. A coisa está feia, mas a gente tem que aproveitar o tempo estiado que houver, para avançar com o ‘tapa buraco’, porque, se perder a oportunidade, a coisa se multiplica assustadoramente. A gente tem que agir na hora que estia. E o motorista reclama, quando fazemos obras durante o dia, mas a gente tem que aproveitar o tempo seco e agir. Se deixar para à noite, chove e a gente não pode fazer e o problema se agrava”, relatou Ib Breda.

PONTOS CRÍTICOS

Quando chove, resta tocar obras de drenagemAinda há locais de difícil intervenção, como o trecho da Avenida Senador Rui Palmeira, que liga a Vila Brejal à orla da Lagoa Mundaú, onde o canal transborda, alagando a pista, mesmo após alguns dias sem chuva. “A gente não consegue agir, na margem do canal da Brejal, porque está sempre alagado, por causa do assoreamento da Lagoa Mundaú e do próprio canal, que está passando por uma limpeza, para ver se a água recua e podemos intervir”, exemplificou.

Há 25 pontos críticos de Maceió classificados como emergenciais pela Defesa Civil Nacional, com necessidade de R$ 30 milhões em investimentos, que o presidente Michel Temer prometeu liberar “logo”, quando visitou Maceió em 28 de maio.

O episódio da visita presidencial foi considerada pelo prefeito da capital alagoana como um teatro. E Rui Palmeira ainda chamou a burocracia exigida pelo Governo Federal como “idiota”, diante da situação já reconhecida como emergencial.

“Estamos aguardando o Ministério da Integração Nacional encaminhar esse recurso, para a gente começar as obras de contenção, porque há o risco dessas erosões irem aumentando a cada dia. Estávamos com 12 equipes de tapa buraco por toda a cidade, quando chove, interrompemos o trabalho. Então, realmente, a gente precisa contar com a colaboração da população, para que possa entender isso. E, enquanto a chuva não permite tapar buraco, seguimos com obras de drenagem pluvial, como a que fica de frente aos Correios, no Tabuleiro, que virava um piscinão, quando chovia”, disse o prefeito Rui Palmeira, ao Diário do Poder.

A previsão é de chuva neste sábado e domingo, além de toda a próxima semana, em Maceió.

Reportar Erro