80 tiros de fuzil

Morre catador de material reciclável baleado por militares do Exército

Luciano Macedo tentou salvar o músico Evaldo dos Santos Rosa, que estava no carro com a família e sofreu 80 tiros de fuzil

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Morre catador baleado ao tentar ajudar família que foi alvo de 80 tiros do Exército no Rio.

O catador de material reciclável Luciano Macedo, baleado após militares do Exército atirarem 80 vezes contra um carro durante ação em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro, morreu na madrugada de hoje (18) depois de 11 dias internado. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, ele faleceu às 4h20, no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes.

Luciano foi baleado no dia 7 de abril, quando tentava ajudar o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, que estava dentro de seu carro, fuzilado com 80 tiros disparados por militares do Exército. O músico morreu no local. Os militares também atingiram o sogro de Evaldo, Sérgio Araújo, que foi atingido nas costas, mas já recebeu alta hospitalar. Mulher e filhos do músico também estavam no carro. Eles estavam a caminho de um chá de bebê.

Em uma nota divulgada à imprensa, no dia da ocorrência, o Comando Militar do Leste disse apenas que um pedestre tinha sido atingido em um tiroteio, mas não assumiu a autoria dos tiros que atingiram o catador, apesar de ter assumido a responsabilidade pelos disparos que mataram Evaldo e feriram Sérgio.

Nove militares foram presos preventivamente por decisão da Justiça Militar depois que o Exército abriu investigação sobre o tiroteio, devido a inconsistências na versão dos militares envolvidos.

Transferência

Uma decisão judicial de 16 de abril determinou a transferência de Luciano Macedo para um hospital que tivesse mais estrutura para atender o caso.

Apesar disso, ele não foi transferido e, no dia seguinte, foi submetido a uma cirurgia. Uma nova decisão, de ontem (17), havia reforçado a necessidade de transferência.

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