PM acompanhou tudo

Campus da USP tem tarde de protestos pró e anti-Bolsonaro

As marchas "Ele sim" e "Ele não" ocorreram entre os prédios da universidade

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Dez carros da PM, seis motos e pelo menos 15 agentes a pé acompanharam a marcha

Dois grupos, um a favor de Jair Bolsonaro (PSL) e outro contrário, fizeram marchas dentro do campus da USP na tarde desta segunda-feira (29), promovendo uma disputa “ele sim” versus “ele não” entre os prédios da universidade, no Butantã (zona oeste).

O ato em apoio ao presidente eleito reuniu cerca de 20 pessoas -a maioria não estuda na USP. Organizado em resposta, um protesto “contra o fascismo” e pela democracia atraiu em torno de mil pessoas, segundo estimativa da guarda universitária.

O evento “Marcha do Chola Mais”, marcado pelo Facebook para “cantar e comemorar” a vitória de Bolsonaro, recebeu mais de 2.800 confirmações de presença até a tarde desta segunda.

A previsão de que uma multidão comparecesse alarmou a direção e alunos da universidade, que temiam ameaças e conflitos. A Polícia Militar acompanhou o protesto, que no fim foi bem menor que o esperado.

O número de pessoas na partida foi o mesmo que chegou ao encerramento, depois de aproximadamente 25 minutos de passeata. Estudantes responderam à passagem do grupo com risos. Apesar das provocações, não houve hostilidade.

Os apoiadores do capitão reformado criticavam o que chamam de doutrinação de esquerda nas universidades públicas e de perseguição a militantes de direita. Queriam “mostrar que a USP não é hegemônica da esquerda, dos comunistas”, segundo eles.

Um dos organizadores foi o deputado estadual eleito em São Paulo Douglas Garcia (PSL), que não estuda na instituição. Cofundador do movimento Direita São Paulo, ele discursou no fim do ato e criticou o que classifica como uso de recursos públicos para difundir ideologias políticas.

De acordo com Garcia, o ato foi organizado a pedido de alunos da USP que se sentem intimidados a se declarar de direita no ambiente universitário. O evento na rede social foi criado pela página USP Livre, criada por estudantes identificados com o liberalismo e o conservadorismo.

Dez carros da PM, seis motos e pelo menos 15 agentes a pé acompanharam a marcha. Eles combinaram com os organizadores que a passeata deixaria de passar em frente à FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), como anunciaram na internet.

Enquanto isso, na faculdade -historicamente associada a bandeiras de esquerda-, alunos fizeram de última hora uma assembleia. Eles decidiram também sair pelo campus como sinal, de acordo com participantes, de resistência a Bolsonaro.

Um incidente ocorreu quando um dos participantes do ato de apoio ao futuro presidente, já encerrado àquela altura, se aproximou de um grupo de antifascistas que compunham o movimento iniciado na FFLCH. De camiseta amarela com a bandeira do Brasil, ele levou um chute ao passar no meio dos manifestantes.

O rapaz e uma jovem usando uma touca que só deixava os olhos à mostra discutiram. Ele a empurrou, mas foi retirado por um funcionário da segurança da USP e depois se afastou voluntariamente.

A passeata em oposição a Bolsonaro e em defesa da liberdade democrática foi encerrada na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo). A multidão cantou refrões (“ele não, ele nunca, ele jamais”) e aplaudiu quando foi estendida uma faixa com os dizeres “não vão nos calar”.(Folhapress)

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