Os Sessenta de Brasília

Brasiliense desde 1971, Moema ajuda a manter de pé o sonho dos construtores

Sua militância contra as desigualdades a fez ajudar de menores carentes a mulheres encarceradas

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Moema Leão com a bandeira do DF no Dia da Mulher: do passado, traz boas recordações e do futuro espera uma país mais equânime - Foto: Dênio Simões.

Brasília mal passara da primeira década quando ela chegou, em 1971. Goiana de Rio Verde, veio à Capital para caçar novos rumos para o marido e os quatro filhos.

Moema Leão integra a série OS SESSENTA DE BRASÍLIA, que registra a vida e a experiência de brasileiros, alguns ilustres, outros desconhecidos, todos absolutamente fundamentais na construção da História da cidade que hoje proporciona a melhor qualidade de vida do País. É a declaração de amor da equipe do Diário do Poder a Brasília.

“Cheguei em Brasília em 1971 e me apaixonei pela cidade. Sempre senti necessidade de participar, não só dos eventos, mas das ações que são desenvolvidas aqui”, afirma Moema Leão.

E encontrou, sobretudo na decoração de interiores, área em que debutou com a Síntese, a Casa Viva e a Artefacto, lojas que a içaram a um patamar superior. Mas a redenção veio com projetos paralelos.

Era ela quem organizava a arrecadação de verbas a serem doadas à Associação para o Bem-Estar do Menor (Asbem). “Aproveitei essa vocação para fazer festas com arrecadação revertida para projetos sociais. Juntei um grupo de pessoas e, com esse dinheiro, construímos uma creche e um abrigo em Ceilândia. A partir de algo que me dava prazer, passei a tomar consciência da necessidade de ajudar”, afirma.

E, quando candidata a deputada federal, aprofundou o contato com a parte menos vista e favorecida da sociedade. Daí veio a Fundação Moema Leão, que fundou para institucionalizar o que desejava fazer.

É assim que ela ajuda a manter de pé o sonho dos construtores, de Juscelino aos operários, que viram na nova capital uma plataforma para um futuro mais justo e acolhedor para o Brasil. “Nos anos de 1970, houve uma migração muito forte do campo para as cidades, e isso aconteceu no Brasil todo. Infelizmente, o crescimento não foi acompanhado da infraestrutura necessária”, lamenta a ativista.

O projeto da vida veio com os anos 2000. Convidada pela juíza Sandra de Sanches, e apoiada pelo Sebrae e a Associação Brasileira de Indústria Têxtil, Moema trabalhou por dois anos no Presídio Feminino do Gama, o Colmeia. Deu tão certo que as obras feitas, com base na técnica do “fuxico”, de menor precisão artística, foram expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Beach Park, em Fortaleza.

É assim que ela encara a vida. Do passado, traz boas recordações e do futuro espera uma país mais equânime. “Gostaria muito que a gente conseguisse diminuir as nossas desigualdades, o que é muito chocante. Equilibrando um pouco essa desigualdade, vamos ter melhora na educação, na saúde, no transporte”, finaliza.

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