Ação inócua

Baculejo coletivo na orla de Maceió foi pirotecnia

Abordagem cinematográfica teve helicóptero e resultou em nada

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A ação policial contra jovens maceioenses com “atitudes suspeitas” na área nobre de Maceió  já deu muita polêmica entre movimentos sociais e de luta pela igualdade racial e social. Neste domingo (31), a abordagem se repetiu na Orla da Praia da Ponta Verde, cuja via principal é fechada para o lazer da população, na área mais elitista da capital de Alagoas. Os alvos da polícia naquela ação eram, em sua maioria, jovens negros e pobres andando em grupo. Foram cercados por viaturas e helicóptero, policiais armados e até cão farejador no baculejo.

O resultado? Nada além de constrangimento e pirotecnia.

SSP divulgou fotos da açãoDiante da ruína do antigo Alagoas Iate Clube, nenhuma apreensão de drogas, armas ou algo ilegal. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP), a ação tinha como foco torcedores do CSA, clube de futebol alagoano que venceu por três a zero o Parnahyba, em partida do Brasileiro da Série D que ocorria naquele fim de tarde.

“O propósito era detectar drogas ou armas, impedir possíveis confrontos no percurso ao estádio. Apesar de não ser um clássico local, as torcidas rivais sempre se deparam e se enfrentam. E costumam consumir e repassar drogas. A policia acredita que podem ter jogado no mar algum tipo de droga com a aproximação das guarnições. Mas estavam alcoolizados e com aspecto de que haviam usado entorpecentes. As bebidas foram jogadas fora. O trabalho foi preventivo”, justificou a SSP.

Em outra região, próxima ao Estádio Rei Pelé, uma dúzia de camisas da torcida organizada do CSA foi apreendida. E o mesmo argumento foi utilizado.

Faixa de Gaza

A ação acontece em um momento de elevada tensão após ações das forças policiais contra o líder de uma organização criminosa conhecida nacionalmente. Mas arrastões, nos moldes dos que ocorrem nas areias das praias cariocas, são coisas raras naquela região da abordagem. Porém, a poucos metros, a explicação parece vir de um conjunto de barracas com cardápio requintado, cujos usuários instituíram o que ficou conhecido como a “Faixa de Gaza” da elite alagoana.

Por ali, o conflito é social. Só bem nascidos e amigos do poder frequentam a área. O Estado ajuda na “limpeza” com abordagens seletivas, em que “suspeitos” são sempre os mesmos, na maioria negros e pobres, mesmo que sejam responsáveis apenas por agredir a paisagem que a elite de Alagoas idealiza para aquela orla.

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