'Diálogos da Orla' é de surdos: GDF não tem projetos, nem respostas
Sem saberem o que dizer, membros do GDF irritam moradores
Representantes do governo do Distrito Federal deixaram claro, na noite desta quinta-feira (3), durante reunião com a comunidade na Administração do Lago Sul, que não têm a menor ideia do uso que pretendem nas áreas desocupadas às margens do lago. O evento batizado de “Diálogos da Orla” deixou claro que não passa de um factóide revelador de um diálogo com surdos.
Morador na região, o procurador federal Roberto Eduardo Ventura Giffoni pediu a palavra para cobrar respostas objetivas e foi muito aplaudido ao registrar que a intenção de “jogar pobre contra rico é coisa de governo medíocre”.
Ele e os demais participantes pediam respostas concretas sobre – que ninguém ouviu – sobre projetos existentes, data de início de obras como ciclovias, passeios, urbanização, defendidas pela maioria dos moradores, além da indicação de responsabilidades sobre segurança, manutenção, limpeza, instalação de banheiros, cuidados para evitar focos do mosquito da dengue, de onde sairá o dinheiro para tudo isso, qual o orçamento disponível para providências etc. Os representantes do governo só deram respostas vagas ou se utilizaram de chavões do tipo “é importante ouvir a comunidade” ou “democraticamente discutir o que vamos fazer” etc. Compareceram à reunião cerca de trezentas pessoas, que se irritaram com a falta de respostas,
Estiveram presentes Jane Vilas Boas, presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), o subsecretário do Meio Ambiente, Rômulo Melo, além de Marcia Muniz, superintendente da agência fiscalizadora Agefis, um representante da Policia Militar e Aldenir Paraguassu, administrador do Lago Sul.
O Ministério Público do DF, que ajuizou a ação e promoveu a execução da sentença de desocupação, não teve interesse em enviar representante à reunião com a sociedade.
"Pier de contorno"
Os representantes do GDF estão tão perdidos que nem sequer sabem ao certo como será tratada a questão das embaixadas localizadas à beira do lago. O Brasil é signatário de convenções e trataos internacionais que garantem às representações diplomática a autonomia de sua área como se fora território dos países.
Como os moradores pressionaram por respostas, os representantes do GDF chegaram a admitir que, em caso de impasse, com a eventual recusa das embaixadas em permitir a derrubada de cercas ou benfeitorias, podem ser construídos píers de madeira, criando uma passagem para pedestres sobre o lago.
A resposta causou estupefação: "Quer dizer que a proibição de construir píers não tem motivação ambiental?", perguntou uma moradora, desapontada. "A proibição só vale para o cidadão?", indignou-se outro. "Governo pode desrespeitar o meio ambiente?" O GDF já fez um píer assim nas proximidades da ponte do Braguetto, no Lago Norte.