Afeta 300 mil empregos

Ampliar a importação de etanol para afagar EUA leva desastre ao NE, alertam usineiros

Sindaçúcar de Alagoas alerta que nova cota para importação livre atinge 34% do álcool do Nordeste

acessibilidade:

Festejada pelo presidente americano Donald Trump, a medida do governo Jair Bolsonaro que elevou em 150 milhões de litros a cota de importação de etanol sem a alíquota de importação de 20% pelos próximos 12 meses representa um desastre para o setor em Alagoas e no Nordeste. É como avalia o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), Pedro Robério Nogueira, sobre a ampliação da cota de importação de 600 milhões para 750 milhões de litros de álcool etílico a ser comprada no exterior.

A medida que beneficia principalmente os exportadores dos Estados Unidos (EUA) deve atingir diretamente mais de 20 mil fornecedores de cana em Alagoas e 300 mil empregos em todo o Nordeste. E foi tomada no dia seguinte ao presidente Trump ter recebido, na Casa Branca, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, e do deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O presidente do Sindaçúcar-AL chama a atenção para o volume autorizado pelo Governo Federal, que representa 34% da produção de todo o Nordeste brasileiro. E o apelo pela produção nacional de etanol está sendo levado nesta quarta-feira (4) à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, pelos representantes do setor sucroalcooleiro de Alagoas e Pernambuco, em reunião em Brasília (DF).

“Significa dizer que toda produção do Nordeste vai vir dos EUA, isso em plena safra. O impacto dessa importação no Nordeste é devastador. Significa dizer que essas empresas distribuidoras que estão importando não vão comprar o álcool produzido localmente”, condenou Pedro Robério.

O representante dos usineiros de Alagoas lembra que os produtores brasileiros já haviam pleiteado o fim da renovação da cota anterior de 600 milhões de litros para importação sem alíquota, que ficou válida durante dois anos até a última sexta-feira (31). Mas o pleito foi ignorado pelo Governo Federal, não apenas com a renovação, mas também com a ampliação do benefício aos países exportadores.

“O pleito de todo o setor produtor de etanol do Brasil era que essa concessão não fosse mais renovada, porque essa importação é desnecessária. O Brasil produz etanol necessário para abastecer”, avalia.

Proposta de compensação

Os representantes do setor sucroenergético do nordeste estão levando para a reunião de hoje com os ministros da Agricultura e da Economia a proposta de que a nova conta de importação seja válida apenas na região Centro-Sul; entre outras medidas de compensação com o objetivo de amenizar o impacto nos estados nordestinos da concessão do governo favorável aos EUA, no período da safra, que já teve início.

“Se não pode revogar a concessão, que eu acho muito provável, pelo menos, esse volume de etanol isento seja descarregado em portos do Sul, e não no Nordeste, onde o impacto é bem menor. 750 milhões de litros para a região do Centro-Sul tem impacto pequeno. Isso para a produção do Nordeste é muito grande. Nos dois anos, quando foram 600 milhões de litros, foi todo o etanol descarregado no Nordeste”, concluiu o presidente do Sindaçúcar de Alagoas. (Com informações do site Gazetaweb)

Reportar Erro