Atuação de facções aumentam crimes ambientais na Amazônia
Facções atuam como financiadoras do crime, conclui pesquisador

A atuação de facções ligadas ao tráfico de drogas estão aumentando a ocorrência de crimes ambientais na Amazônia por meio de financiamentos ao desmatamento, garimpo em terras indígenas, extração de madeira ilegal, entre outros crimes. A conclusão é do pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Aiala Colares Couto.
De acordo com Couto, o Primeiro Comando da Capital (PCC) investe em rotas de tráfico na região com objetivo de transportar cocaína até a Europa. Já o Comando Vermelho controla territórios e a venda de drogas nas cidades. O pesquisador apontou ainda que a Amazônia é estratégica para o narcotráfico.
“Há uma relação do tráfico de drogas com crimes ambientais. O narcotráfico atua como parceiro e financiador, porque percebeu que essas redes ilegais são importantes para ampliar recursos e a lavagem de dinheiro”, explicou à BBC News Brasil.
O pesquisador criou um termo chamado “Narcoecologia”.
“É um conceito que eu criei como resultado de uma pesquisa realizada entre 2020 e 2021. Neste estudo, analisamos as conexões do narcotráfico com os crimes ambientais. Percebemos que há uma aproximação do tráfico com o mercado de extração ilegal de madeira, com a grilagem de terras e com o garimpo em terras indígenas, sobretudo em Roraima. Entendi que essa relação dinâmica da economia do tráfico contribui para o avanço dos crimes ambientais, como desmatamento, poluição e redução da biodiversidade. Mas essa conexão também contribui para o avanço da força política do próprio narcotráfico, que compreendeu que essas redes ilegais são importantes para ampliar seus recursos ilícitos e a lavagem de dinheiro”.