Resgate do Velho Chico

Ufal lidera expedição científica na região do Baixo São Francisco

Estudos disponibilizarão dados que vão servir para orientar revitalização do Velho Chico

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Barco robótico Iracema com multissondas e sonar acionados por computador. Foto: Ascom Ufal

De 15 a 19 deste mês pesquisadores percorrerão a região do Baixo São Francisco visando desenvolver amplos estudos numa expedição considerada o maior levantamento de dados científicos já realizado. O trabalho também vai disponibilizar dados importantes para a revitalização do Velho Chico, que ainda não dispõe de informações aprofundadas para orientar qual o melhor modelo para o citado processo, conforme explica o coordenador da expedição, Emerson Soares, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas.

“O que nos motivou para a realização da expedição científica é por haver poucos estudos aprofundados no Baixo São Francisco detalhando as várias áreas de pesquisa, além das muitas alterações no rio. No contexto das mudanças estão as provocadas pelas hidroelétricas, transposição, regime de chuvas alterado, desmatamento, crescimento das cidades ribeirinhas sem sistemas de tratamento de esgotos, e pesca sem monitoramento e de forma inadequada quanto aos padrões preconizados na legislação ambiental. Assim como, secas, crescimento da carcinicultura na foz, aumento do uso de agrotóxicos, entre outras atividades antrópicas”, pontuou Emerson.

Ele acrescenta que o objetivo do amplo estudo é monitorar, analisar e coletar dados limnológicos, das espécies de peixes, da mata ciliar, do estado de assoreamento e dados geomorfológicos do rio, além de informações sobre poluição aquática, bem como dados e informações socioeconômicas das comunidades tradicionais e de pescadores que desempenham atividades nas localidades alvo do trabalho.

A expedição contará com a participação de 40 pessoas, entre pesquisadores e alunos da Ufal dos cursos de Zootecnia, Engenharia de Pesca, Agroecologia, Ciência de Computação, Biologia, e Agronomia dos campi em Maceió e Arapiraca, além de três representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dois do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), um do Instituto Federal do Ceará (UFCE) e um do Centro Oceanográfico de Vigo da Espanha, representado pelo pesquisador Evaristo Rial.

“Por conta das amplas áreas a serem pesquisadas não se descarta a descoberta até de novas espécies desconhecidas pela ciência no campo de parasitas de peixes ou de vertebrados aquáticos”, frisa Emerson Soares.

Barco Maravilhosa da expedição no Baixo São Francisco. Foto: Ascom Ufal

Estrutura

Para a expedição será destinado um barco de 23 metros de comprimento dotado de três pavimentos com capacidade para 120 pessoas. O barco dispõe de duas canoas motorizadas para deslocamento em água e auxílio nas coletas, e de mais um barco robótico Iracema, que contém multissondas, GPS, sonar e ecobatímetros, acionado por computador e pode ser tripulável. O barco robótico está na expedição por meio da colaboração do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

“O barco Iracema possui três modos de operação, onde até três pessoas podem embarcar e operar todos os sistemas de maneira manual e executar missões de monitoramento dessa mesma forma. Neste modo, toda a missão pode ser acompanhada em tempo real em uma estação base que possibilita a observação de todos os parâmetros do barco, assim como os científicos”, explica o pesquisador Emerson.

Além da Ufal, a expedição, com custo aproximadamente de R$ 100 mil, conta com o patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), da Fundação de Amparo à Pesquisa em Alagoas (Fapeal) e Emater (Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas). São parceiros internacionais a Universidade do Porto (Portugal) e o Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO -Espanha).

Roteiro

A expedição, que terá como ponto de partida a cidade de Penedo, fará o seguinte roteiro: no dia 15 sairá de Penedo em direção a Traipu com coletas em estações deste município, de onde se deslocará dia 16 para Porto Real do Colégio, para o trabalho de coletas nesse mesmo dia. Na continuidade do roteiro, no dia 17, a expedição dirige-se à Igreja Nova, de onde sai dia 18 para Penedo, outro ponto determinado para a realização de coletas. No dia 19, o último da expedição, o trabalho transcorrerá no município de Piaçabuçú com coletas na foz do Rio São Francisco.

Na vice-coordenação da expedição está o professor Leonardo Vianna, do Instituto de Computação (IC) da Ufal. Emerson adianta que as áreas pesquisadas serão: limnologia, aquicultura, socieconomia, extensão rural, genética, toxicologia aquática, meteorologia, poluição aquática, tecnologia do pescado, engenharia de pesca, parasitologia, computação, e impacto ambiental terrestre.

Pela Ufal, além de Emerson Soares, integram a expedição científica os pesquisadores do curso de Zootecnia Elton Santos, Misleni Ricarte, Jerusa Oliveira, Renato Nunes, a mestranda Vivian Costa e a graduanda Emilly Valentin; do curso de Engenharia de Pesca fazem parte Ticiano Oliveira, Igor da Mata e Julliet Xavier com alguns alunos; e do curso de Agroecologia, Rafael Navas, Themis Silva e alunos. O professor Leandro Vianna, do curso de Ciência da Computação também colabora com alunos; e dos cursos de Agronomia da Ufal em Maceió e Arapiraca fazem parte  Ricardo Araújo e José Vieira, além de alunos. A equipe da Embrapa conta com a participação de Carlos Alberto Silva e Marcos Cruz e pelo Centro Oceanográfico de Vigo (Espanha) faz parte o pesquisador Evaristo Rial.

O coordenador Emerson Soares informou que expedição resultará em um documentário científico a ser produzido durante todo o trabalho desenvolvido no Rio São Francisco. Há, ainda, a pretensão de publicar um livro com os resultados das coletas e alguns artigos científicos. “Para a Universidade a ação científica representa a troca de informações, de experiências com equipes multidisciplinares e tecnologias novas no campo da engenharia ambiental, limnologia e computação”, acrescentou, destacando o importante papel em prol da ciência e do conhecimento conectado com as demandas sociais e econômicas. (Ascom Ufal)

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